domingo, setembro 18, 2005

A arte de classificar 1.1

Classificações Filosóficas

Denominam-se classificações filosóficas, classificações do conhecimento, classificações metafísicas ou classificações das ciêcias as criadas pêlos filósofos com a finalidade de definir e hierarqui­zar o conhecimento. Surgiram quando os sábios compreenderam que o Universo é um sistema harmónico, cujas partes estão dispostas em relação ao todo, que há uma hierarquia das causas e dos princípios e, portanto, uma hierarquia e uma relação entre as ciências que os estudam, e resolveram esquematizar estas hierarquias, criando as classificações filosóficas.

Ernest Cushing Richardson admite que a classificação teve início quando o homem começou a dar nome às coisas. O "ato de classificar", diz ele, "fez do macaco um homem".

Richardson, apoiado por Berwick Sayers, considera que o primeiro filósofo a se preocupar em classificar as ciências foi Platão (428-347 a.C.), que, na República, dividiu o conhecimento em: Físi­ca, Ética e Lógica.

Outros autores, como Lahr e Ingetraut Dahlberg, pre­ferem indicar a história das classificações filosóficas com Aristóteles (384-322 a.C.). A ele se deve a divisão dicotômica (divisão em dois) das coisas, a divisão tritônica do conhecimento e a origem dos predi­cáveis de Porf írio.

Aristóteles tomou por base de sua classificação o fim ao qual se propõem as ciências e as dividiu em ciências teóricas, ciências práticas e ciências poéticas, conforme as três operações principais: pensar, agir e produzir.

As ciências teóricas, limitando-se a constatar a verdade, são a Matemática, a Física e á Teologia.

As ciências práticas, determinando as regras que devem diri­gir nossos atos, são a Moral ou a Ética, a Economia e a Política.

As ciências poéticas, indicando os meios a usar na produção de obras exteriores, são a Retórica, a Poética e a Dialética.

Porfírio, filósofo grego do século IV, aplicando o princípio de oposição de Platão e Aristóteles, apresentou uma classificação dicotômica, citada em todos, as compêndios de classificação biblio­gráfica, para explicar o processo de divisão das classes., chamada "Árvore de Porfírio", mas também conhecida como "Árvore de Remée", porque foi divulgada no século XVI pelo filósofo francês Pierre de Ia Remée. Segue-se a Árvore de Porfírio.

A arte da classificação...1.0

Tipos de sistemas de classificação. Os sistemas de classificação podem ser classificados de vá­rios modos, conforme a característica tomada por base da divisão.

Segundo o tipo de característica ou qualidade escolhida para base da classificação, as classificações podem ser: naturais, quando derivadas da aplicação de característica natural, ou insepará­vel do objeto, e artificiais, quando originárias de aplicação de carac­terísticas artificiais ou mutáveis.

Segundo a finalidade a que se destinam podem ser: sistemas de classificação filosóficos ou sistemas de classificação bibliográfi­cos.

As. classificações filosóficas são as criadas pêlos filósofos, com a finalidade de definir, esquematizar e hierarquizar o conheci­mento, preocupados com a ordem das ciências ou a ordem das coi­sas.

As classificações bibliográficas são sistemas destinados a servir de base à organização de documentos nas estantes, em catálo­gos, em bibliografias etc.

Segundo o campo do conhecimento que abrangem, os con­ceitos incluídos, as classificações podem ser divididas em classifica­ções gerais ou enciclopédias e classificações especializadas.

As classificações gerais apresentam a ordenação de todo o conhecimento humano e as especializadas ocupam-se de um ramo deste conhecimento.

As classificações gerais podem ser filosóficas, como as de Bacon, Comte etc., ou bibliográficas, como aquelas de Dewey, Bliss, Cutter, Ranganathan etc.

As classificações especializadas podem ser científicas, como a classificação das plantas feita pelo naturalista sueco Cari von Linné, ou bibliográficas, como a Classification for Medicai Librarias, de Eileen R. Cunningham. fonte:PIEDADE, Maria Antonieta Requião, Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: ed. interciênica, p. 52, 1997.