terça-feira, janeiro 03, 2006

AS CONSOLAÇÕES DA FILOSOFIA

Livro: AS CONSOLAÇÕES DA FILOSOFIA Autor: Alain de Botton Tradução:Eneida Santos ISBN:85-325-1316-6 Páginas:288 Formato : 14x21 Preço : R$ 36,50

A filosofia pode oferecer consolação para muitas mazelas humanas, sugere Alain de Botton. A partir das idéias de seis filósofos – Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche –, o autor apresenta exemplos de consolação para a impopularidade, para a insuficiência de dinheiro, frustração, inadequação, coração partido e dificuldades. O estilo é bem-humorado, às vezes, confessional, com capítulos curtos e muitas ilustrações. Ao combinar uma introdução à filosofia com uma paródia de manual de auto-ajuda, Botton garante momentos de leitura instrutiva e divertida.

Em Consolação para a impopularidade, a vida e a morte de Sócrates são apresentadas como um convite ao ceticismo inteligente. O método socrático de raciocínio coloca à prova o senso comum e estimula o desenvolvimento de opiniões autônomas. Sob determinadas circunstâncias, advogava o filósofo grego, é preciso ter força para não levar a sério as opiniões alheias.

Epicuro e sua filosofia da busca de felicidade pelo prazer são um alento para quem tem pouco dinheiro. Segundo o epicurismo, a felicidade é relativamente independente dos bens materiais. Os ingredientes essenciais para uma vida agradável são a amizade, a liberdade e a reflexão serena sobre as principais fontes de ansiedade – morte, doença, fome, superstição.

Consolação para a frustração aborda a vida de Sêneca, cuja obra é permeada por uma única tese: a de que suportamos melhor as frustrações para as quais nos preparamos e somos atingidos principalmente por aquelas que menos esperamos. O filósofo romano propôs que se tenha sempre em mente a possibilidade de uma tragédia e que não se deve surpreender com nada: "O que não pode ser modificado precisa ser suportado."

As idéias de Michel de Montaigne servem de conforto para quem sente inadequação sexual, cultural ou intelectual. O escritor francês alimentava reservas quanto à erudição livresca, questionava a racionalidade humana e defendia o diálogo franco sobre as atividades genitais. Em Ensaios, comentou o comportamento de seu pênis e intestinos, considerados partes essenciais de sua identidade. Montaigne passou dezessete meses percorrendo a Europa a cavalo, o que o ajudou a comparar diferentes conceitos de normalidade. O leitor é convidado por ele a substituir os preconceitos locais pela identidade de cidadão do mundo.

As atribulações amorosas são tratadas em Consolação para um coração partido a partir dos escritos de Schopenhauer. O filósofo alemão afirmava que os atos humanos são governados pela "vontade de viver", um impulso inerente a permanecer vivo e reproduzir. O amor nada mais seria que a manifestação da descoberta do pai ou mãe ideal para uma prole inteligente e bonita. Assim, o consolo para a rejeição amorosa é saber que esta foi conseqüência de uma lei da natureza.

Consolação para as dificuldades resgata as idéias de Friedrich Nietzsche, para quem é impossível atingir uma vida plena sem passar por grandes períodos de dificuldade. Nietzsche utilizava uma analogia com a jardinagem para ressaltar a importância da valorização dos elementos negativos da vida humana: "Se fôssemos ao menos terrenos férteis, não permitiríamos que nada se tornasse inútil e veríamos em cada acontecimento, em cada coisa e em cada homem um adubo bem-vindo.

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