sexta-feira, março 25, 2011

Livro eletrônico e impressão por demanda mudam forma de remunerar escritor


Fabrício de Paula, Portugal 


Frankfurt  - A troca do adiantamento pela divisão dos lucros das vendas com o escritores. Os mercados do livro eletrônico e de impressão por demanda escolhem seus modelos de remuneração para o autor baseados nas vantagens que o conteúdo digital oferece sobre o livro tradicional. 

É o caso da editora de livros eletrônicos Open Road Integrated Media, lançada durante a Feira do Livro de Frankfurt por Jane Friedman, ex-presidente da Harper Collins. “Com certeza, há custos que encontramos na produção de livros digitais que já estão na indústria tradicional, como promoção e marketing. Mesmo com os gastos que teremos na produção do conteúdo agregado aos nossos livros, esperamos ser lucrativos em um curto período de tempo, porque não temos que lidar com devoluções, adiantamentos, além do custo de estoque do livro eletrônico ser praticamente zero”, ressaltou Friedman durante coletiva de imprensa. Após dez anos de casa, Friedman conseguiu levar a Harpes Collins a um faturamento anual de 1,5 bilhão de dólares. 

A empresa vai atuar em duas frentes: Discovery, para o mercado de self-publishing, e “Studio”, selo pelo qual vai lançar os livros eletrônicos baseados em um modelo sem adiantamentos para o autor e com divisão do lucros dos resultados. 

Sobre o custo do produto, Friedman disse que estuda uma estratégia de preço adequada para que as pessoas comprem seus títulos, todos por meio de revendedores. “Livros baratos são melhores que caros, o que não quer dizer que todos tenham que custar US$ 9,99”. O comentário foi uma crítica à estratégia da Amazon para o Kindle. A empresa tem enfrentado reações do mundo editorial por vender ao consumidor grande parte dos Kindle books abaixo de dez dólares, mesmo pagando ao editor preços maiores, com o objetivo de transformar o aparelho no padrão do mercado. 


Multiformato 

A Open Road Integrated Media quer destacar seus autores mundo afora com a integração de soluções multimídia, como o audiovisual, e surge de uma parceria com o produtor de filmes, Jeffrey Sharp, ganhador do Globo de Ouro por filmes como Boys don’t cry.

A associação de uma conhecida editora de livros impressos com um premiado produtor de filmes indica ainda os modelos de negócios que surgem com a integração de mídias. Para Friedman, o autor é a marca e o objetivo da empresa é alcançar o leitor onde estiver com o produto que ele quiser. “Um dos principais problemas do mercado editorial é que por mais ações de divulgação que uma editora possa realizar, o livro sempre terá a limitação do meio físico”, avaliou, ao justificar a adoção do livro eletrônico. 

Segundo ela, a adoção de uma multi-plataforma, com o uso de vídeos, filmes e outros meios de entretenimento digital, permitirá melhor posicionamento do autor no mercado e maior alcance de suas obras. Deixou claro que estes suportes digitais não vão interferir no conteúdo do livro, que não funcionará como uma plataforma híbrida. “Não faremos um livro interativo. O livro vai permanecer como livro, mas vamos associá-lo a algo mais, como documentários sobre o autor e vídeos sobre a produção do livro. Nossa intenção é promover e fazer o marketing da obra por meio de vídeos, sites, redes sociais, aplicativos”. E, de forma categórica, inclui os jogos eletrônicos entre os suportes que apoiarão a promoção das obras. 

Antecipou ainda que os livros serão produzidos em formato ePub (aceito em diversos leitores de livros digitais), e espera alcançar um catálogo entre 750 e mil títulos no primeiro ano de funcionamento. É neste período de tempo que estima começar a colher os primeiros resultados positivos de faturamento. A Open Road atuará também com impressão por demanda e nichos de mercado e com autores como o ganhador do prêmio Pulitzer, William Styron, em seu catálogo.


* Fabrício de Paula é jornalista e faz a cobertura da Feira de Frankfurt para o Portal Literal

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