sábado, novembro 25, 2006

Bibliotecário atenção você já tem sua banda larga?

Unctad adverte contra excesso de regulamentação da internet Carolina GlycerioDe São Paulo Para entidade, regras devem ficar próximas às da vida 'off line'
Qualquer tentativa de regulamentar a internet deve respeitar as noções legais e políticas vigentes na vida fora da rede, afirma a Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento) em um relatório divulgado nesta quinta-feira. "Toda regulamentação abrangente da internet deve ser muito próxima das noções existentes e aceitas da teoria legal e política em uso. Nesse sentido, redesenhar políticas e regulamentações para muitas atividades que em algum grau migraram para a internet pode ser ineficiente", diz o relatório. Um dos autores do documento, Angel Gonzalez Sanz, disse à BBC Brasil que muitas vezes os governos tentam encontrar "soluções rápidas, que se revelam ineficientes". Sanz e a Unctad defendem que as leis devem respeitar a estrutura "em camadas" da rede, que eles vêem dividida em sete níveis – desde a camada dos cabos e fios, passando pela dos softwares até a camada do conteúdo. De acordo com o documento, "quanto maior o número de camadas afetadas, pior a regulamentação". Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado adiou a votação de uma polêmica proposta de regulamentação que prevê a obrigatoriedade de cadastro de todos os usuários e obriga provedores de acesso à internet a manter registro de todas as conexões realizadas por, pelo menos, três anos. Vários senadores pediram mais tempo para estudar a proposta Leia mais: Para empresas, banda larga é vital como água, diz Unctad Brasil A Unctad sugere que algum grau de regulamentação é necessário, ao dizer que os governos não podem mais deixar a internet como está. "A sociedade está indo para a internet e com ela também vai a necessidade de organizá-la e governá-la", afirma o relatório. Sanz não quis comentar os detalhes do projeto em tramitação no Congresso, de autoria do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), mas disse, que em geral, quando o objetivo é impedir crimes eletrônicos, o controle deveria ser feito na ponta do conteúdo, e não do acesso. "Se nós estamos falando de fraudes, você provavelmente deveria se aproximar da camada do contéudo", disse Sanz. Ele diz entender a reação negativa à idéia da identificação obrigatória. "Essa cena (que está ocorrendo no Brasil) é familiar. Há sempre uma resistência daqueles que se preocupam com a violação da privacidade. É uma preocupação bastante razoável". Segundo Sanz, também é normal, nas tentativas de regulamentar a rede, exigir dos provedores alguma responsabilidade pela manutenção das informações sobre as transações passadas. Ele ressalta, porém, que, ao tornar a retenção de dados obrigatória, é preciso assegurar a proteção desses dados, proibindo, por exemplo, a sua retransmissão a partes não autorizadas. "É preciso encontrar o equilíbrio entre segurança e privacidade", diz Sanz. O especialista diz que o Brasil não é o único país a estudar um sistema de identificação dos usuários para aumentar a segurança na rede. Segundo Sanz, na Europa, por causa da preocupação com o terrorismo, há países considerando medidas do gênero. Angel Sanz cita o caso da Espanha, onde a idéia de instituir uma espécie de cartão de identificação eletrônica para cada usuário teria sido bem aceita. "O importante é a forma de colocar (os controles) em prática. Cada país vai avaliar o que considera aceitável", diz. Quanto à possibilidade de criminosos de burlar a obrigatoriedade da identificação - argumento usado por críticos do projeto - Sanz diz que, como no mundo offline, qualquer regulamentação pode ser "contornada". Segundo ele, a eficácia do sistema vai depender do seu grau de sofisticação.

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