quinta-feira, janeiro 28, 2016

Paradigma do Universo




Engenharia da Informação Acesso e Transferência de Informação 

Tudo que existe tem fundamento atômico. 
Tudo que existe tem um campo eletromagnético. 
Todo campo eletromagnético tem uma Informação Intrínseca. 
Tudo que existe emana de um Campo Escalar. 
Tudo que existe é uma onda. 
Quando os picos de duas ondas se chocam cria-se uma interferência construtiva. 
Tudo que existe vibra em determinada freqüência. 
Tudo é Energia e Informação. 
Toda Informação existe para sempre. 
Toda Informação pode ser acessada independentemente da dimensão em que está, não importando se a Informação é Local ou Não-Local. 
Toda Informação pode ser transferida personalizadamente. 
Toda Informação pode ser transferida à distância. 
Toda Informação pode ser usada independentemente do Tempo. 
Existe uma Onda de Possibilidade. 
A Onda de Possibilidade transforma-se em Onda de Probabilidade. 

Existem Infinitas Possibilidades


Hélio Couto.

                                                                vácuo quântico





segunda-feira, janeiro 25, 2016

Brasil está abaixo da média

Entre 144 países, país é o 90º lugar em ranking de velocidade da banda larga, segundo a Akamai


O Brasil está em 90º lugar em um ranking de velocidade da banda larga feito com 144 países pela Akamai, empresa de soluções para internet que coordena o estudo “State of the Internet”. Enquanto a média global é de 5,1 Mbps, a brasileira é de 3,6 Mbps, atrás de vizinhos sul-americanos como os argentinos (4,7 Mbps), uruguaios (5,9 Mbps) e chilenos (5,6 Mbps). Apesar de estar abaixo da média mundial, o Brasil avançou 25% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Houve uma migração muito grande para a plataforma móvel, que demanda investimentos mais caros e nunca vai ter a mesma qualidade da fixa. As características geográficas também fazem a média ser menor. No Chile, por exemplo, 50% dos acessos são feitos em Santiago, já no Brasil são muitas cidades”, afirma o diretor de marketing da Exceda, Vinícius Agostini, que representa a Akamai no Brasil.
O presidente da consultoria em telecomunicações Teleco, Eduardo Tude, destaca que, de maneira geral, o Brasil tem bons resultados para a banda larga fixa. “O problema é maior na móvel, pois, se tem muita gente usando ao mesmo tempo, o acesso congestiona mesmo. Por isso mesmo, as empresas oferecem em contrato velocidades bem baixas, como forma de se resguardarem”, afirma Tude.
De acordo com Agostini, o Brasil tem até evoluído na velocidade da internet móvel, mas a expectativa do brasileiro ainda é muito alta. “Se um site demora mais de 3 segundos para carregar, o consumidor já avalia negativamente. A evolução da internet móvel tem sido rápida, mas não o suficiente para atender a essa elevada expectativa”, afirma.
Segundo ele, nem sempre tem a ver com a banda larga, pode estar relacionado ao desempenho do site acessado ou até mesmo com a qualidade da linha telefônica. “Muitas vezes, a lentidão tem mais a ver com a quantidade de pessoas acessando ao mesmo tempo ou com a velocidade do site acessado, e não com o pacote da operadora”, ressalta o consultor da Teleco.
Segundo Tude, embora existam parâmetros de qualidade que indicam que a empresa não pode fornecer menos do que 40% da velocidade instantânea contratada, o mais importante é avaliar a média mensal. “É ela quem vai dar a noção geral, pois as operadoras podem oferecer resultados pontuais abaixo da meta instantânea, desde que ofereçam 80% da velocidade durante 95% do tempo contratado. Mas se o usuário perceber uma interrupção séria no serviço, deve ligar imediatamente para a empresa”, afirma Tude.
Cliente pode virar fiscal de qualidade

Qualquer pessoa pode ser voluntária para monitorar a qualidade da banda larga fixa. Basta se cadastrar no site bandalargabrasil.com.br. Esse cadastro serve de parâmetro para a Entidade Aferidora da Qualidade da Banda Larga (EAQ), usada pela Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) para medir a qualidade das conexões. Para ser um voluntário, tem que ser cliente de operadoras avaliadas: Oi, Net, Vivo GVT, Algar Telecom, Embratel, Sercomtel, Cabo Telecom, Live TIM e Sky. Um equipamento será enviado para ajudar no monitoramento.

Os relatórios gerados são usados pela Anatel para fiscalizar o setor. Se as metas não forem cumpridas, um processo administrativo é aberto. O site bandalargabrasil.com.br também disponibiliza testes para medir a velocidade e checar se ela condiz com a contratada. 
Mineiras cumprem meta mensal

Em Minas Gerais, as quatro empresas de internet monitoradas pela Entidade Aferidora da Qualidade da Banda Larga (EAQ) – GVT, Net, Oi e Algar Telecom – cumprem a meta da velocidade, que determina fornecer em média 80% do pacote, durante 95% do período contratado. Já no caso da velocidade instantânea (medições pontuais), GVT e Net não atingiram a meta de no mínimo 40% dos Mbps contratados.



Pela regra da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as operadoras podem até falhar nesse quesito, mas só em 5% do tempo contratado. Em julho, na última pesquisa da EAQ, a GVT ofereceu menos de 40% em 10,3% do tempo permitido e a Net em 8,52%.

Por meio de nota, a GVT destacou que só ficou abaixo na meta no quesito de velocidade instantânea e ressaltou que ficou bem próximo do resultado desejado. Segundo a empresa, o desempenho “não comprometeu a experiência do cliente”. Na média mensal, ela ficou com 100,99%.

Com índice de 94,28%, a Net superou a meta mensal (80%), mas também ficou abaixo na medição instantânea. Segundo a operadora, o resultado foi afetado por algum problema pontual, que não comprometeu o serviço. 

Cliente paga uma velocidade de internet, mas recebe outra 

Prestadora deve descontar valor proporcional em caso de interrupção ou degradação da qualidade


A designer Diane Mazzoni, 31, paga por um pacote de internet fixa de 15 Mbps. Ela sempre notou que em alguns momentos a velocidade era mais lenta, mas tomou um susto quando viu que chegava a receber apenas 2 Mbps, cerca de 13% do total contratado e pago. O que ela não sabia é que tem o direito de pedir à operadora um ressarcimento proporcional. O artigo 46 da Resolução 614 da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) assegura que, em caso de interrupção ou degradação da qualidade do serviço, a prestadora deve descontar da assinatura o valor proporcional. A descoberta de Diane foi feita durante um desafio proposto pela reportagem de O TEMPO, que convidou três consumidoras para medir a velocidade da banda larga em horários diferentes durante dois dias.

“Eu trabalho em home office e dependo da internet para tudo, desde fazer buscas a negociar preços com clientes. Eu não sabia que podemos reivindicar o desconto proporcional, mas agora vou prestar mais atenção nas medições da velocidade e reclamar”, afirma.

Se o susto dela foi grande, o da estagiária de marketing Natália Seabra, 24, foi ainda maior. “Chegou a indicar 1,28 Mbps. É um absurdo. Eu sabia que a operadora não é obrigada a fornecer 100% do pacote, mas isso já é demais. Me atrapalha muito porque trabalho em casa e dependo do Skype e da internet o tempo todo.”

Já no caso da servidora pública Bruna Oliveira, 31, a surpresa foi positiva. “Meu pacote é de 10 Mbps, e, na maioria das vezes em que medi, estava acima disso. Só uma vez que ficou em cerca de 8 Mbps. Mesmo assim, se pagamos 100% do preço, o correto seria recebermos 100% do serviço ou, então, um desconto”, diz.

As empresas não são obrigadas a garantir 100% do pacote, mas são obrigadas a compensar suas falhas. Segundo regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), elas têm que garantir em média 80% da velocidade contratada, durante 95% do tempo. Isso no mês, porque, considerando as medições pontuais como as que foram feitas pelas três consumidoras, as operadoras têm que garantir apenas 40%.

A coordenadora institucional da ProTeste, Maria Inês Dolci, ressalta que, se o consumidor está desconfiado de estar recebendo muito menos do que contratou, ele deve reclamar imediatamente e exigir devolução do que foi pago a mais. “O mais difícil é provar, então o ideal é fazer medições diárias para verificar se a velocidade está dentro das metas impostas pela Anatel. Existem sites que fazem essa medição, inclusive a ProTeste disponibiliza uma ferramenta que fornece até o histórico das médias de velocidade, que podem ser usados para argumentar com as operadoras”, afirma.
Como medir?
Automático.
 Existem sites especializados que fornecem a velocidade comominhaconexão.com.br e brasilbandalarga.com.br. No site da ProTeste tem o Velocímetro (testeminhainternet.com.br).
Será que a internet daqui é pior do a da Síria que esta em guerra?
EDITORIA DE ARTE
08/
LEGENDA

Vendas de títulos públicos no Tesouro Direto crescem 190,5% em 2015

Outro dado significativo é a quantidade de operações de vendas, que passou de 387.319 em 2014 para 1.044.258 em 2015 (169,6%)





A expansão das vendas do programa Tesouro Direto atingiu números recordes em 2015. Dados divulgados hoje (25) pelo Ministério da Fazenda mostram que no ano passado as vendas de títulos públicos no programa cresceram 190,5% em relação a 2014, passando de R$ 4,978 bilhões para R$ 14,457 bilhões no ano. As vendas líquidas, que são a diferença entre as vendas e os vencimentos e resgates antecipados, aumentaram 207,8% no período, subindo de R$ 2,515 bilhões para R$ 7,741 bilhões , informou o Tesouro Nacional.
Outro dado significativo é a quantidade de operações de vendas, que passou de 387.319 em 2014 para 1.044.258 em 2015 (169,6%). Houve ainda uma redução da distância entre o número de investidores posicionados, que efetivamente investem, e os cadastrados no programa.
No ano passado, o Tesouro Nacional divulgou uma série de melhorias no programa para que os investidores tivessem melhor compreensão da aplicação. Segundo o Ministério da Fazenda, desde a implementação das novidades, os principais indicadores vêm registrando números superiores aos obtidos nos meses anteriores, compondo uma sequência de recordes para o Tesouro Direto. Esses resultados são divulgados mensalmente no Balanço do Tesouro Direto. Novidades são aguardadas neste ano e no próximo que, informou o Tesouro Nacional, têm o objetivam tornar o investimento ainda mais acessível e atraente.

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas possam adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro, pela internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só tem de pagar uma taxa à corretora responsável pela custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.
A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional, que pode variar de acordo com a Selic, os índices de inflação, o câmbio ou uma taxa definida antecipada .

Deus é Programador

Deus é Programador O que este livro fará por você é aumentar a sua capacidade de pensamento lógico. 
Ampliará a sua visão de mundo e de existência como jamais imaginou. 
Ampliará a sua capacidade de organizar informações e também de perceber erros lógicos em ideias e em sistemas de qualquer natureza. Infelizmente é impossível dizer em poucos parágrafos o que realmente este livro ensina e, posso assegurar, que é impossível concluir o que ele realmente diz sem que o leia do começo ao fim.




By Sean O'Reilly 

Antes de fazer esta leitura tenha certeza de que você quer isto, pois ler este livro constitui um passo sem retorno. Caso você seja apegado a fortes convicções religiosas, é extremamente recomendável que não leia este livro, pois o seu conteúdo científico não o fará deixar de acreditar em Deus, mas poderá mudar os seus conceitos sobre Deus e sobre a existência, e poderá colocar dúvidas na forma da sua fé; se não tiver abertura suficiente para aceitar novas ideias com maior sentido lógico, este conflito mental poderá tirar-lhe a paz. Saiba que este não é um livro de respostas e sim de perguntas, e em todo o seu conteúdo você verá muito mais questionamentos do que explicações. Afinal, o que você prefere? Respostas que ditam o que você deve fazer e onde deve chegar, ou perguntas que te ajudem a descobrir o que você quer fazer e onde quer chegar? Após esta leitu­ra, você passará a entender muito mais coisas sobre a vida e sobre as pessoas, mesmo porque o “entender” envolve o questionar e não sim­plesmente aceitar explicações agradáveis ou que você acata como verdades, prontas e enlatadas, nas quais muitas pessoas se estacio­nam; além do mais, questionar é a essência para o desenvolvimento de um bom pensador e de quem pratica a arte do raciocínio lógico. Este momento é uma oportunidade para se decidir; você tem o livre arbítrio, esse é um direito todo seu, ninguém pode tirar-lhe isso e você deverá exercê-lo agora. A vida é assim, cheia de caminhos... E é você quem escolhe para que lado vai, tudo depende apenas de uma decisão. Eu particularmente recomendo este treinamento, porém, a de­cisão é unicamente sua, e ninguém no universo tem o direito de interferir nisso, mas pense bem antes de prosseguir! Caso prossiga, leia tudo sem pular nenhuma parte. Procure fazer isso com a mente aberta e tenha em foco uma pergunta: Como se pode, do absoluto nada, fazer existir o que antes não existia? Se continuar lendo este manual com a mente aberta, verá o porquê Deus É Programador. E lembre-se, tudo que estou oferecendo aqui é a verdade, e nada do que poderia ser uma ideia agradável para você. Amazon

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Pepe Escobar: Planeta do Medo


Traduzido por Vila Vudu



Parar de frente para a skyline coruscante de Doha num inverno no Golfo Persa tem o mérito de garantir perspectiva panorâmica. Muitas nações em torno dele vão derreter e as que restarem – com a exceção do Irã – não mostram nem a liderança política nem a infraestrutura econômica e institucional para fazer outra coisa que não seja aceitar mansamente qualquer o tsunami que desabe sobre suas praias. Não passam de espectadores assustados.
O Império do Caos tem máquinas de guerra preposicionadas, a distância de uma cusparada, em quantidade suficiente para converter em cinzas todo o sudoeste da Ásia – com a gangue dos suspeitos de sempre no Departamento de Estado, neoconservadores e neoliberais conservadores, que ainda não encontraram cura para aquela comichão de “realmente vencer a próxima guerra”, numa espécie de “Choque e Pavor” exponencial.


Resultado de imagem para Foto de Guerra das moedas
O medo reina supremo. Jim Rickards, autor de Currency Wars [Guerra das Moedas, Lisboa: Ed. Presença], economista e agente da CIA, acaba de lançar novo livro, The Big Drop, com mensagem bem sombria. Por seu lado, Jim Rogers, codinome “Sábio de Cingapura”, que passa quase todo o tempo ensinando à elite chinesa onde pôr seus investimentos, tem perspectiva nuançada sobre o ocidente, e culpa a China por todo o tumulto atual que agita a economia global.

Segundo Rogers, “sim, a China está desacelerando. Mas principalmente o mundo está desacelerando. O Japão, dos maiores parceiros comerciais da China está oficialmente em recessão. Em grande parte da Europa, é ainda pior. O mercado de ações dos EUA esteve em baixa em 2015 enquanto o mercado de ações chinês era um dos mais fortes do mundo”.

Rogers acrescenta, “as coisas vão piorar em todo o mundo, e todos sofrerão e é ‘culpa’ de alguém.   A fonte original [das culpas] é o Federal Reserve dos EUA e aqueles juros deles, ridículos, artificiais, causados por massiva emissão de dinheiro, que o mundo copiou. Todos lançados em dívida descomunal, pelos aumentos da dívida pelo governo dos EUA [que o mundo também copiou], e que em breve será o inferno para pagar “.

Portanto, não é surpresa que rumores apocalípticos de guerra sejam hoje o novo normal – ainda que os passadistas fales de “apenas” uma “boa velha guerra mundial à moda antiga”, como se trocas nucleares não fossem parte da equação. Umas poucas cabeças firmes no eixo atlanticista preocupa-se que, se Il Duce Trump vence as próximas eleições presidenciais dos EUA, a coisa venha a traduzir-se em bancarrota garantida para os EUA, e – e o que poderia ser? – guerra, se Il Trumpissimo implementa metade do que se gaba de que fará.

Encolha qualquer petróleo que você tenha aí

O festival anual de conversa fiada de Davos está para começar; é uma dessas ocasiões quando os Masters of the Universe – que usualmente decidem tudo a portas fechadas – mandam seus capitães-do-mato para “debater” o futuro das suas holdings. O debate atual está centrado em se ainda estamos em plena Terceira Revolução Industrial – digitalizada – e a Internet das Coisas [ing. Internet of Things] – ou se já estamos entrando na Quarta.


KLAUS SCHWAB
Mas no mundo real, todo o cacarejo só tem a ver, mesmo com a idade do velho petróleo fora de moda. O que nos leva às miríades de efeitos da estratégia do petróleo barato aplicada pela Casa de Saud sob ordens de Washington.
Corretores no Golfo Persa, off the record, não têm dúvidas em afirmar que não há nenhum excedente (ing. surplus) real consequente de petróleo, porque todo o petróleo bombeado foi injetado no mercado obedecendo àquelas ordens de Washington.

Petroleum Intelligence Weekly estima que o excedente esteja num máximo de 2,2 milhões/dia, mais 600 mil barris/dia que vêm adiante, ainda nesse ano, do Irã. O consumo de petróleo dos EUA – e, 19,840 milhões de barris/dia, 20% da produção mundial – não aumentou; os outros 80% é que estão absorvendo a maior parte do óleo injetado no mercado.

Alguns corretores chaves no Golfo Persa não vacilam ao afirmar que o petróleo estará começando a subir já na segunda metade de 2016. É o que explica por que a Rússia não está em pânico com o petróleo já despencando rumo a $30 o barril. Moscou sabe perfeitamente bem que os “parceiros” comandam a manipulação do mercado de petróleo contra a Rússia e, ao mesmo tempo, antevê que não vai durar muito.

Isso explica por que o vice-ministro das Finanças da Rússia, Maxim Oreshkin tenha lançado uma espécie de mensagem tipo “calma, fiquem firmes”: ele espera que os preços do petróleo permaneçam no patamar de $40-60 por pelo menos os próximos sete anos, e a Rússia bem pode viver nesse quadro.

Os Masters of the Universe – exatamente como os russos – já perceberam que o negócio deles, de manipular petróleo, não é coisa que possa durar muito. Previsivelmente, a histeria já tomou conta. Por isso ordenaram que grandes corretoras de Wall Street livrem-se de petróleo, pagando em dinheiro. A obediente mídia-empresa norte-americana recebeu ordens para ‘noticiar’ que uma falta de dinheiro (orig. a shortfalls) durará para sempre. A meta é fazer o preço do barril de petróleo cair, se possível, a $7.

A estratégia original dos Masters of the Universe levaria eventualmente a ‘mudança de regime’ na Rússia, com os oligarcas suspeitos de sempre de volta às rédeas, para reiniciar operação massiva de saque que a Rússia sofreu nos anos 1990s.

Uma Casa de Saud trêmula de medo é reles peão nessa estratégia. Assumindo-se que o plano funcione, a Casa de Saud governada pelo – já praticamente demente – rei Salman, confinado agora a uma sala em seu palácio em Riad – passaria por ‘mudança de regime’, em ação de militares sauditas treinados no ocidente e recrutados por agentes ocidentais. Como brinde, a República Islâmica do Irã também colapsaria, com “moderados” (rebeldes?) assumindo o poder.
Implica dizer que a estratégia dos Masters of the Universe resume-se, na essência a uma ‘mudança de regime’ na Rússia, no Irã e na Arábia Saudita, levando para lá elites/vassalos amigas/os do Excepcionalistão; em suma, o capítulo derradeiro da Guerra (global) por Recursos. Mas, até agora, o único ‘efeito’ desse ‘plano’ é a Casa de Saud feito barata tonta, sem nem ideia do que lhes pode acontecer; os reis em Riad talvez suponham que estejam ‘minando’ a ordem no Irã e na Rússia; no fim, talvez descubram que só aceleraram o próprio fim.

Perder minha religião

Na Europa, é como se estivéssemos de volta a 1977, quando The Stranglers cantaram No More Heroes. Agora, heróis nunca mais, e ideais nunca mais. Ainda que alguns jovens europeus dos melhores e mais brilhantes tenham tentado combater a violência imensa que é o neoliberalismo, via o altermundismo (“Outro mundo é possível”), os mais pobres dentre os jovens estão agora mergulhados em violência e em niilismo suicidário – o wahhabismo extremo que aprenderam online. Mas nada disso tem a ver com Islã, e não é guerra ‘de religião’, como aquele zilhão de partidos de extrema direita em toda a Europa nunca se cansam de rotineiramente insistir que seria.

Em todo o espectro, movida pelo medo, a mistura tóxica de instabilidade política e econômica continua a se alastrar, levando alguns insiders a considerar que é possível que os dois, o Fed e o Comitê Central do Politburo em Pequim, realmente não tenham ideia do que está acontecendo.
É o que basta para outra vez inflar as hordas dos queredores de guerra, para as quais aquela “boa velha guerra mundial fora de moda” é sempre a bola da vez. Cancele toda a velha dívida; emita caminhões de títulos de dívida nova; converta arados e iPhones em canhões. E depois de um pequeno intercâmbio termonuclear, bem vindos todos ao pleno emprego e a uma nova (desperdiçada) terra Waste Land de oportunidades.

É nesse contexto que, sob o vulcão, surge um ensaio de Guido Preparata, especialista ítalo-norte-americano em economia política agora trabalhando no Vaticano. Em The Political Economy of Hyper-Modernity [Economia política da hipermodernidade], a ser publicado em breve numa antologia editada por Palgrave/Macmillan, Preparata oferece um balanço dos últimos 70 anos da história/dinâmica monetária EUA/internacional, usando um único indicados: o balanço geral de pagamentos dos EUA – que não é divulgado desde 1975.

Mas a mais importante conclusão do ensaio parece ser que “o motor neoliberal, que tem de girar principalmente com combustível doméstico, demonstrou (…) resiliência apreciável”. O Tesouro dos EUA e o Federal Reserve, “juntos” deram jeito de erigir um “muro de dinheiro”.

Mesmo assim “Tecnocratas dos EUA parecem ter-se desiludido da máquina neoliberal”. Assim, “como alternativa de momento, os tecnocratas convocaram uma espécie de ‘reequilibramento global'”.

O sistema comandado pelos EUA “parece estar em transição para regime neomercantilista”. E a resposta são as ‘parcerias’, a Parceria Trans-Pacífico [TPP, Trans-Pacific Partnership] e a Parceria Transatlântica para Comércio e Investimento [TTIP, Transatlantic Trade and Investment Partnership] acordos comerciais que, juntos, “porão os EUA no centro de uma zona comercial aberta que representa cerca de 2/3 do produto econômico global”.

Implicaria algum tipo de saída “Façam Comércio, Não Façam Guerra”. Nesse caso, por que tanto medo? Porque na feroz batalha intestina que se trava entre os próprios Masters of the Universe, os neoliberais conservadores ainda não impuseram sua última palavra. Por isso, todo o cuidado com os Falcões de Guerra.



Pepe Escobar (1954) é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna no Asia Times Online; é também analista de política de blogs e sites como:  Sputinik, Tom Dispatch, Information Clearing House, Red Voltaire e outros; é correspondente/ articulista das redes Russia Today e Al-Jazeera.

Selfie do Universo

Como seria uma foto de todo o universo?


Fragmento da visão global do Universo | Foto: Pablo Carlos Budassi/Wikimedia Commons

 O artista Pablo Carlos Budassi tentou imaginá-la. 

Vê a imagem completa.


"Imaginar" não é bem o termo. A espetacular imagem que o músico e artista argentino criou tem uma base científica.  
O que vemos, foi feito a partir de imagens da NASA e de mapas logarítmicos do Universo da Universidade de Princeton (Estados Unidos).  
Os mapas logarítmicos permitem visualizar realidades de dimensões astronómicas, como o universo justamente.
Mas os mapas, como podes ver se entrares no link acima, estão longe da beleza da imagem criada por Budassi que retrata, naturalmente, a parte conhecida do Universo segundo a perspetiva terrestre.  
E o que podemos ver, afinal? No Wikimedia Commons, onde o artista disponibilizou a imagem, com uma excelente resolução, ela vem devidamente acompanhada por uma legenda.
Nela - explica-se - o Sistema Solar está ao centro, com os seus planetas, a cintura de asteroides, os planetas exteriores, a cintura de Kuiper, a nuvem de Oort, Alfa Centauri, a Via Láctea, Andrómeda e as galáxias próximas, a teia cósmica, a radiação cósmica de microondas e o plasma invisível do Big Bang na borda. 
A imagem já foi criada em 2013, mas voltou agora a viajar pelo espaço digital.

ESTÁ SEM SINAL NO CELULAR? VOCÊ PODE SER INDENIZADO

Acesso a informação livre, o celular direito de todos, é garantia de democratização e direito firmado em contratos. Seria  estelionato, vender sem entregar a mercadoria contratada e paga?
Héberle Babêtto




De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), no final de novembro de 2015, existiam 269,6 milhões de linhas telefônicas móveis no Brasil, o que significa dizer que existem mais linhas telefônicas do que pessoas em nosso país. Este número demonstra a importância que o brasileiro dá para este serviço. Assim, se o cliente ficar sem sinal no celular, poderá ser indenizado por isso.Não é raro encontrarmos dificuldades em completar ou manter uma ligação feita ou recebida em nosso aparelho de celular. Por vezes, precisamos refazer a ligação para conseguir concluir o que queremos falar ao nosso interlocutor.
Situação pior ainda, enfrenta quem fica sem sinal no celular por um longo período de tempo, seja para realizar ligações pessoais ou, até mesmo, profissionais. Outro problema da vida moderna é a falta de conexão com a internet oferecida pelas operadoras.


Em casos como estes, o consumidor que ficar sem sinal no celular por um período de tempo relevante (os tribunais têm entendido que um prazo de dez dias pode ser o bastante) pode pleitear indenizações por danos morais e/ou materiais.
Os danos materiais referem-se ao serviço não prestado ao consumidor que ficou sem sinal no celular, não podendo tal período ser cobrado na conta telefônica. Já, o dano moral, pode se caracterizar por conta do longo período em que o consumidor esteve privado de manter contatos pessoais ou profissionais em decorrência da má qualidade dos serviços prestados. Não resta dúvida que tal situação gera mal estar e abalos psicológicos ao cliente.
Ressalta-se, entretanto, que a falha na prestação dos serviços deve ser acima do razoável, pois uma queda ou outra de sinal pode se caracterizar como mero aborrecimento que não gera dano moral.
Nesta ação, o consumidor estará amparado pelo Código de Defesa do Consumidor e poderá se valer, inclusive, da inversão do ônus da prova, ou seja, a empresa de telefonia é quem deverá comprovar que prestou os serviços com qualidade.

por Felipe da Silveira Azadinho Piacenti é advogado em Ribeirão Preto,



Um mundo tão desigual é viável?

A questão da igualdade é muito profunda, ela produz efeitos sociais diversos,  assimetrias, injustiças, entre outras violências. Mas como criar um mundo justo democrático e sustentável é outros quinhentos.
Somos igualmente desiguais, o acesso a informação, o letramento informacional e a democratização do saber, são chaves para um mundo melhor. Nossa missão como profissionais da informação é ampliar esse limites e romper com essa barreiras artificias. Tecnologias como biblioteca repositórios, livros são ferramentas desa transformação diária em nossa sociedade. Héberle Babetto

"O importante é entender que um mundo menos desigual depende da mobilização e do trabalho conjunto de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e vários outros setores da sociedade. A construção de um mundo mais justo é uma tarefa coletiva, ainda que cada indivíduo possa e deva dar sua contribuição. Pensar e desejar um mundo menos desigual não é somente uma questão de esperança; é uma questão intrínseca ao que somos como seres humanos"

Relatório anual do Credit Suisse revela que a concentração de renda no planeta está aumentando. Para a diretora da Oxfam Brasil, Kátia Maia, essa desigualdade prejudica a todos, inclusive aos mais ricos, citando, como exemplo, a violência.
Cerca de 1% da população mundial detém quase 50% da riqueza produzida no planeta.  Os outros 99% dividem, em partes também desiguais, os cerca de 50% restantes.               A informação não é de uma organização pequena ou que pudesse ser acusada de ter viés ideológico, mas, sim, de uma instituição financeira respeitada mundialmente, o banco Credit Suisse. E, pior, segundo o estudo, a concentração da riqueza está aumentando.         A pesquisa levou em conta dados patrimoniais de 4,8 milhões de adultos procedentes de mais de 200 países. Os números são estarrecedores. Uma sociedade tão desigual é viável em longo prazo? O que esses algarismos significam em termos humanos? Por que se chegou a tal ponto? O que fazer para mudar esta realidade?
Para responder essas e outras questões sobre o assunto, a Ser Médico entrevistou a diretora executiva da Oxfam Brasil, a socióloga Kátia Maia.
A sigla vem de Oxford e Famine (Oxford Committee for Famine Reliefe/Comitê de Oxford para o Alívio da Fome). Trata-se de uma confederação internacional de organizações, formada atualmente por 20 afiliadas operando em mais de 90 países, com o objetivo de desenvolver ajuda humanitária e projetos para combater as desigualdades sociais no mundo.
Ser Médico – O banco Credit Suisse divulgou, em outubro último, seu relatório anual (Global Wealth Report 2015) sobre a distribuição da riqueza global, apontando que a concentração de renda no mundo e, portanto, as desigualdades sociais, aumentaram ainda mais em relação ao estudo feito pela mesma instituição em 2014. Segundo o documento, quase metade da riqueza do planeta está nas mãos de menos de 1% da população.             O que esses números significam em termos humanos?
Kátia Maia – A Oxfam Internacional lançou, em janeiro de 2014, o relatório Working for a few (Trabalhando para poucos), que utilizou dados do relatório do banco Credit Suisse.       As análises dos números são chocantes. Como é possível conviver com o fato de que as 85 pessoas mais ricas do mundo são donas do equivalente ao que a metade da população mais pobre do planeta tem? Entre março de 2013 e março de 2014, essas 85 pessoas aumentaram suas riquezas em 668 milhões de dólares diariamente! São números assustadores. Mais que isso, eles expressam uma profunda injustiça sobre a qual o nosso planeta está assentado. É inaceitável! É desumano! Num planeta onde mais de 700 milhões de pessoas ainda passam fome, como é possível continuar com tamanha concentração de riqueza? Essa desigualdade extrema reforça e alimenta outras desigualdades, como as existentes entre homens e mulheres, entre brancos e negros.
Ser Médico – O que tem provocado esse aumento da concentração de renda?
Kátia – Em outro relatório lançado pela Oxfam Internacional, em outubro de 2014, chamado Equilibre o Jogo, que trata da desigualdade econômica extrema, nós apontamos algumas causas e, em especial, destacamos dois motores econômicos e políticos da desigualdade, que podem contribuir para explicar os extremos que vemos hoje: o fundamentalismo de mercado e a captura do poder pelas elites econômicas. Como demonstrou o economista francês Thomas Piketty, em O Capital no Século XXI, sem a intervenção do Estado, a economia de mercado tende a concentrar a riqueza nas mãos de uma pequena minoria, fazendo com que a desigualdade aumente. Apesar disso, nos últimos anos, o pensamento econômico tem sido dominado por uma abordagem fundamentalista, que insiste na ideia de que o crescimento econômico só é alcançado reduzindo a intervenção do Estado e deixando que o próprio mercado se organize. Isso prejudica, principalmente, a regulação das atividades econômicas e a tributação, necessárias para enfrentar a desigualdade. A influência e os interesses de elites econômicas e políticas vêm, há muito tempo, reforçando a desigualdade. O dinheiro compra influência política, que os mais ricos e algumas empresas usam para consolidar ainda mais suas vantagens injustas e, em alguns casos, até ilegais. Um exemplo é a incapacidade de muitos países em reformar os seus sistemas fiscais para garantir uma progressividade na arrecadação de impostos, de forma que os mais ricos paguem, proporcionalmente, mais que os mais pobres.
Ser Médico – E no Brasil, como a Oxfam vê a questão da concentração de renda?
Kátia – O Brasil apresenta avanços no enfrentamento da concentração de renda, mas ainda insuficiente para que possamos sair do lugar de destaque que ainda ocupamos no ranking da desigualdade mundial. Os programas de distribuição de renda, como o Bolsa-Família, e o aumento do valor real do salário mínimo nos últimos 15 anos foram fatores fundamentais para esse avanço. Porém, ainda estamos longe de solucionar o problema.     O País precisa de uma reforma tributária que efetivamente possibilite a redistribuição de recursos daqueles que têm mais para aqueles que mais precisam. Sabemos que quem tem mais renda e patrimônio aqui paga menos imposto. Isso sem contar o tema da evasão e sonegação fiscal. Ou seja, precisamos de justiça fiscal.
Ser Médico – A Oxfam tem dados da concentração de renda no Brasil?
Kátia – O Brasil tem grande produção de dados estatísticos que permitem dimensionar a desigualdade de renda. Mas a verdadeira desigualdade se mede sobre a riqueza, e ela inclui patrimônio, não é só renda. Apenas recentemente a Receita Federal começou a disponibilizar as informações sobre patrimônio, provavelmente influenciada pelo trabalho de Piketty. A Oxfam Brasil vai elaborar um relatório sobre desigualdades em nosso país, que deverá ser lançado no próximo ano. Mas já podemos dizer que o Brasil ainda é um país patriarcalista, machista e racista, e essa cultura se reflete nas instituições. Por exemplo, na política fiscal, o nosso sistema tributário atual é extremamente regressivo e recolhe a maioria dos impostos de maneira indireta e sobre o consumo, enquanto a renda e o patrimônio são menos taxados. Proporcionalmente, isso onera mais as famílias pobres, o que, consequentemente, onera mais os negros e as mulheres. Esse modelo institucionaliza e perpetua a desigualdade. A participação política também é extremamente influenciada pela nossa cultura excludente e pelas elites econômicas. No Congresso Nacional, as mulheres e os negros representam menos de 10% dos parlamentares, enquanto são mais de 50% da população.
Ser Médico – Como a desigualdade pode impactar o mundo?
Kátia – As desigualdades de gênero, raça e econômica, além de serem eticamente inaceitáveis, afetam as economias do mundo, pois excluem milhões de pessoas que poderiam estar contribuindo para a construção de uma sociedade mais igualitária e não, como ocorre, vivenciando uma situação de desagregação social. Essas desigualdades também prejudicam o crescimento econômico, gerando uma “captura” da riqueza produzida e impedindo a construção de uma sociedade mais justa baseada no bem-estar social. A desigualdade prejudica a todos, inclusive aos mais ricos. Um exemplo disso é a violência. Segundo o escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (Unodc), as taxas de homicídios são quase quatro vezes mais altas em países com desigualdade econômica extrema do que em nações mais igualitárias. Em última instância, a desigualdade econômica extrema pode inclusive trazer ameaças aos regimes democráticos. Com o poder econômico acumulado nas mãos de um pequeno setor da população, a influência deste sobre o Estado passa a causar distorções no sistema político e nas políticas públicas.         Com isso, governantes se veem submetidos aos interesses da minoria, e isso pode levar a grande insatisfação social, gerando revoltas e conflitos.
Ser Médico – Esse cenário torna mais difícil a missão da Oxfam, no sentido de buscar soluções para o problema da pobreza e da injustiça?
Kátia – Sem dúvida. O aumento da desigualdade faz parte da nossa agenda de trabalho. Em nossa visão, é impossível avançar no combate à pobreza sem lutar contra as diversas desigualdades existentes que contribuem para a perpetuação das injustiças.
Ser Médico – A Oxfam vê alguma alternativa para mudar esse quadro?
Kátia – Seguramente existem alternativas. E elas passam pela mobilização dos cidadãos, das organizações dos diferentes setores da sociedade, e devem ser construídas de maneira democrática. A Oxfam defende algumas medidas para contribuir com esse debate, entre as quais: a implementação de uma política fiscal progressiva sobre a riqueza e a renda; o estabelecimento de alternativas aos modelos de concentração de riqueza, renda e terras, oferecendo dados e medindo a desigualdade nas avaliações de impacto das políticas públicas; o fim à captura política e o estabelecimento da priorização dos interesses da maioria sobre os privilégios de poucos; e a garantia da igualdade de direitos e poder entre homens e mulheres, brancos e negros.
Ser Médico – Como a Oxfam atua para alcançar esses objetivos?
Kátia – A Oxfam atua em parceria e aliança com outras organizações da sociedade civil, movimentos sociais, governos, empresas e outros setores que buscam enfrentar e encontrar soluções para a pobreza e a desigualdade, no âmbito nacional e/ou global. Nós temos uma abordagem baseada nos direitos humanos e acreditamos que todas as pessoas têm o direito de desenvolver seu potencial, de viver fora da pobreza e em um mundo menos desigual. Nós atuamos em situações de emergência, nas quais é necessária a ajuda humanitária, desenvolvemos programas e projetos de longo prazo e fazemos campanhas para influenciar tomadores de decisão e a sociedade.
Ser Médico – Como e quando a Oxfam surgiu?
Kátia – A Oxfam surgiu na Inglaterra, em 1942, no contexto da Segunda Guerra Mundial, para ajudar pessoas que estavam passando fome em países europeus. Um grupo de cidadãos de Oxford resolveu pressionar os aliados para quebrar o bloqueio na Europa e permitir o envio de alimentos para a Grécia e Bélgica com o objetivo de aliviar a fome dos civis daqueles países. Naquela época, o nome da organização significava Oxford Committee for Famine Reliefe (Comitê de Oxford para o Alívio da Fome). Nesses mais de 70 anos, a Oxfam cresceu e ampliou sua área de atuação. Deixou de ser uma organização britânica para se tornar uma confederação internacional, formada atualmente por 20 afiliadas operando em mais de 90 países, com mais de 4 mil trabalhadores e um orçamento anual próximo a 1 bilhão de euros. A Oxfam também ampliou sua forma de trabalho inicial, focada em ajuda humanitária, passando a desenvolver programas e projetos bem como campanhas. No Brasil, o primeiro apoio financeiro a projetos ocorreu em 1958, e o primeiro escritório local foi aberto nos anos 60, em Recife. Até 2014, a atuação no País se dava através das afiliadas de outros países. A partir desse ano, foi criada a Oxfam Brasil, uma afiliada nacional constituída no formato legal brasileiro de associação e estabelecida na cidade de São Paulo. Ainda estamos terminando de compor nossa equipe multidisciplinar, que deverá chegar a 17 funcionários até o final do ano. Iniciamos nossas atividades com o público em 25 de novembro último, data da inauguração do nosso novo escritório, quando colocamos no ar nossa página web (http://www.oxfam.org.br), retomando nossas atividades com mídias sociais. Já temos um Conselho Diretor em fase inicial. Nos primeiros meses de 2016, estaremos com nosso Conselho Fiscal também em funcionamento.
Ser Médico – Como é feito o financiamento da organização?
Kátia – O financiamento da Oxfam no mundo vem de diferentes fontes. Em alguns países, os recursos são, na sua maioria, de contribuições individuais mensais; em outros, de agências de cooperação de governos e agências multilaterais, bem como de fundações privadas. Em praticamente todas as 20 afiliadas, qualquer pessoa pode colaborar, seja com recursos financeiros, com trabalho voluntário ou como ativista. Nesse período inicial, os recursos da Oxfam Brasil são oriundos de outras afiliadas da Confederação. Estamos começando as atividades de captação de recursos, prioritariamente por meio de doadores individuais. Já para o próximo ano lançaremos campanhas e consolidaremos nosso trabalho com outras organizações brasileiras que são nossas parceiras. Esperamos ter um grande número de voluntários, apoiadores e ativistas para nossas ações. É importante dizer que, desde 2006, a confederação Oxfam é signatária da “Carta de Prestação de Contas e Responsabilidade de Organizações Não Governamentais Internacionais” (International NGOS Accountability Charter), apresentando relatórios técnicos e financeiros públicos, além de atuar de forma transparente. A Oxfam Brasil operará em conformidade com esses parâmetros, apresentando total transparência de suas atividades, recursos e parcerias.
Ser Médico – Há outras frentes, além da pobreza e da injustiça? Quais são e como a Oxfam atua em relação a elas?
Kátia – A pobreza, a desigualdade e a injustiça são nosso guia. Mas essa agenda é imensa, e a Oxfam focaliza suas ações, a cada cinco anos, por meio do seu plano estratégico global. Para o período 2013-19, estão colocadas seis metas de trabalho:          1. O direito das pessoas em demandar uma vida melhor;                                                     2. Justiça de gênero;                                                                                                                 3. A importância de salvar vidas ameaçadas por conflitos e desastres ambientais;                 4. Um sistema alimentar sustentável;                                                                                     5. Um compartilhamento justo dos recursos naturais;                                                             6. Um financiamento para o desenvolvimento que assegure o acesso universal a serviços essenciais como saúde e educação. No Brasil, ainda estamos elaborando o plano estratégico para o período 2016-2020, mas alguns temas deverão fazer parte de nossa agenda de trabalho: desigualdades nas cidades – juventude, gênero e raça; justiça fiscal e captura política; o papel do Brasil e sua influência no cenário regional e global; e o sistema alimentar.
Ser Médico – Podemos ter esperança em ver um mundo menos desigual?
Kátia – Seguramente que sim. Apesar do aumento da desigualdade e dos imensos desafios sobre os quais falamos até agora, existem avanços a serem considerados, particularmente na conquista de direitos. O importante é entender que um mundo menos desigual depende da mobilização e do trabalho conjunto de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e vários outros setores da sociedade. A construção de um mundo mais justo é uma tarefa coletiva, ainda que cada indivíduo possa e deva dar sua contribuição. Pensar e desejar um mundo menos desigual não é somente uma questão de esperança; é uma questão intrínseca ao que somos como seres humanos. Prefiro acreditar que somos uma civilização na qual ainda existe espaço para valores fundamentais como a ética e a solidariedade.
Fonte: Entrevista publicada na Revista Ser Médico Edição 73