Se o leitor é do tipo que compra livros de administração pela internet, é bem provável que já tenha topado com Robert Morris, um consultor de negócios radicado no Texas com experiência nos setores de gestão, educação e governamental. Morris pertence à elite dos rese-nhistas da Amazon (o clube dos Top 10, eleito por gente que considerou seus comentários úteis) e é um dos poucos nessa augusta empresa a se dedicar quase que exclusivamente à literatura administrativa. Morris calcula já ter lido mais de 1.500 tomos de gestão e resenhado mais de 900 deles para a Amazon e outros websites (segundo ele, Peter Drucker certa vez elogiou suas resenhas por não contarem o fim da história). E, embora esse consumo voraz seja útil profissionalmente, a empreitada de Morris é movida, basicamente, por amor. "Acabo de ler juice e Managing for the Long Run", comemorava há pouco o crítico. "Quem não se empolgaria com livros como esses?"
Como o senhor decide que livros merecem seu tempo?
Na literatura administrativa, os melhores autores lançam uma pergunta importante e a respondem com uma sólida pesquisa. Jim Collíns pergunta: "Como uma empresa boa pode se tornar uma empresa excelente?" Jason Jennings pergunta: "Que traços têm em comum as empresas americanas de melhor desempenho?" Ao começar um livro, espero que a introdução me diga que questão o autor pretende responder. Em seguida, vou ver a que é dada ênfase — em geral, algo que está em negrito ou itálico — para ver se o autor segue focado naquela questão. Também acho bom quando o autor explica como o livro é organizado, pois isso influencia a facilidade com que se assimila a informação. E quero saber que empresas foram estudadas.
Dado o volume lido, muito do material não é redundante?
Sim, mas estou constantemente coletando partes de um re-trato maior. Jack Welch, por exemplo, admira empresas pequenas, segundo ele porque se comunicam melhor internamente, são mais ágeis, menos burocráticas e seus líderes têm menos camuflagem. Soa, tudo, absolutamente certo. Aí a pessoa lê num livro de Michael Gerber, E-Myth Mastery, que do 1 milhão de pequenas empresas abertas nos Estados Unidos em 2005, mais de 80% terão fechado em cinco anos, e 96% em dez anos. Cada um desses autores me dá uma peça do quebra-cabeça. Sou capaz de entender melhor as vantagens que tem uma pequena empresa. E descubro que poucas delas sabem como atingir — e depois sustentar — essas vantagens.
Depois de tantas ideias de gestão terem naufragado, o que é maior: seu cinismo ou sua cautela?
Fiquei mais cauteloso diante de teses extravagantes, não tanto porque as teorias sejam problemáticas, mas porque o conteúdo raramente as sustenta. Além disso, tenho sempre em mente que as maiores ideias em geral ainda estão engatinhando ao debutar. Anos depois de publicar Reengineering the Corporation, Michael Hammer ainda está corrigindo coisas mal-entendidas e esclarecendo pontos fundamentais. Muitas outras ideias importantes, como o EVA, a organização de aprendizado total, o Balanced Scorecard, o evangelismo de clientes e o marketing experiencial já deram origem a indústrias dedicadas a refinar, aprimorar e preencher as lacunas da ideia original.
Algum conselho para que se tire o máximo de um livro de negócios?
Minha estratégia favorita é converter o índice num programa de estudo. Ou seja, ler o título dos capítulos e perguntar que questões são lançadas ali. E, em seguida, garantir que se obtenha a resposta. Criei, por exemplo, um plano de estudo para Seeing Whafs Aferi, de Clayton Christensen, Scott Anthony e Erik Roth. Fiz a mim mesmo as seguintes perguntas: "Quais os sinais de mudança?" "Como avaliar a concorrência? ""Que forças alheias ao mercado afetam a inovação?" Essas questões são meu guia na busca das respostas.
Quais são seus livros favoritos de gestão?
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