Segundo a Deloitte & Touche, a receita do Google subiu 400.000% nos primeiros cinco anos de atividade. É possível atribuir uma cifra dessas apenas parcialmente à astúcia empreendedora de Sergey Brin e Larry Page, os dois ex-alunos da Stanford que fundaram a empresa. Daí esse livro se concentrar, com justa razão, menos na personalidade dos dois rapazes e mais na engenhosa tecnologia que tornou a internet utilizável por um amplo público e que permite a empresas pelo menos determinar se o que gastam em marketing está gerando resultados. Num breve relato da história de ferramentas de busca, Battelle — um dos fundadores da revista Wired — mostra como se passou da valorização do número de links de um dado site (modelo da Alta Vista, da Excite e de outras) para a valorização do número de links para um dado site (base dos rankings do Google). O autor observa que o sistema do Google é, basicamente, igual ao do mundo académico. Quanto mais "citações" (links) tem um website, mais influente se torna (ou seja, ocupa uma posição superior nos rankings) e, conseqüentemente, é mais provável que seja localizado e novamente citado. A perspectiva académica é, talvez, uma explicação para a ambivalência dos fundadores em relação ao comércio. Até 2001, o Google não tinha descoberto um jeito de ganhar dinheiro, e nunca havia cogitado seriamente a publicidade por banners ou rankings baseados puramente no valor pago por anunciantes. Hoje, a empresa recebe quando alguém dica no link de um anunciante no site do Google ou em outro website no qual o Google tenha instalado o link.
Embora o livro traga um relato do já notório episódio do lançamento das ações do Google, é bem provável que o leitor ache mais interessantes certas implicações maiores do negócio. Battelle fala da ameaça à privacidade imposta pelo registro indelével de páginas visitadas por usuários — mas, para ele, em geral um efusivo apóstolo da tecnologia, qualquer coisa que nos aproxime da "busca perfeita" tem a sorte a seu favor. Um dia, profetiza Battelle, qualquer fragmento de texto, imagem, composição musical, produto e serviço será rotulado, inserido na web e, em última instância, localizado por uma possante tecnologia, provavelmente do Google. À medida que o mundo online começa a parecer o depósito de uma loja de departamentos, o Google se torna um rival temível para Amazon e eBay, exercendo um poder de vida e morte sobre negócios que opta por prestigiar ou ignorar.
Teses como essas, grandiloqüentes, são também a parte mais estimulante do livro. The Search — assim como o tema — é um puro produto da cultura do Vale do Silício: incoerente, intenso e vertiginosamente utópico.
POR Ben GERSon Esse livro já foi publicado no Brasil.
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