A leitura é uma tecnologia que é de natureza única: ela é WiFi, permite a memoria de múltiplas camadas de sentido, ela não é só linear, mas tem caráter multifacetado, permite varias conexões na formas de links de memórias, é de baixo custo seu armazenamento e tem capacidade de compartilhar e democratizar a informação e o saber.
Sócrates se opôs ao uso e implantação da escrita e apontou dois inconvenientes: um o enfraquecimento da memória e isso permitiria o homem mentir com mais facilidade.
O que você acha?
Sem falar que marcou a transição da sociedade oral para sociedade da escrita. Uma ruptura que criou formas de segregação e noções de valor para quem dominava a arte da escrita como no caso dos escribas que nem sempre sabiam ler , mas pertenciam a uma casta influente, detentores de saber e poder em todas as sociedades que pertenceram.
Digno de nota que as grandes mentes de historia não escreveram nada, isso era muito frequente, seu discípulos foram os que registram suas palavras.
Jesus, Sócrates, Budha, Krishna, Maomé, entre outros não escreverem nem um linha. Se não fosse a sagacidade e tenacidade de discípulos não saberíamos quase nada de suas palavras e ensinamentos. A rede social já estava em funcionamento nessa época e os posts não rolavam soltos, mas em cânones de livros , coletâneas, formas do texto que evoluíram ao longos de séculos até chegar ao Twitter.
A oralidade não perdeu seu poder totalmente a arte da oratória ainda manteve certo status ao longo da história, mas o poder da escrita surgiu e modificou definitivamente nossos cérebros e a forma de como lidamos com a verdade e a realidade.
O fenômeno do surgimento do texto como sacralidade, surgiu na forma dez mandamentos, código de Hamurábi, Códex da lei, a bíblia sagrada, o alcorão sagrado, entre tantos outros, tudo isso impactou na dinâmica de nossas relações sociais e levou ao surgimento dos repositórios de conhecimento, bibliotecas.
A própria bíblia é um exemplo disso, uma coleção de 66 livros de diversos autores que era consultado na sinagogas e igrejas e lidos e repetidos a exaustão.
Curioso que a invenção da escrita criou um nova classe de iletrados, isso marcou o surgimento do analfabetismo.
Como o sistema de educação, não era universal , apenas nobres castas superiores, sacerdotes, detentores de poder sabiam ler, com raras exceções, alguns escravos sabiam ler na Grécia e eram até filósofos.
Mas isso perdurou por grande da historia, a leitura era cheia de interdições sempre escrita em um idioma que nem sempre era acessível ao grande público, que recebia informações ainda pela oralidade.
Veja que esse padrão ainda tem grande presença hoje na forma de radiodifusão a Televisão e o cinema são orais e visuais em seus recursos.
Nossas bibliotecas tem recurso orais e visuais. E hoje migram para o digital.
Embora aja uma vigorosa desmaterialização do suporte, o modulo de texto e a leitura seguem seu caminho com o surgimento de novas formas.
A leitura coletiva e compartilhada, leitura em rede, os Memes o DNA da informação, tudo se tornou viral.
Cada vez mais se torna urgente desenvolver o letramento informacional, aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer.
Ler o mundo é um imperativo para a sobrevivência e evolução do ser humano e se tornou um item vinculado aos direitos humanos.
As bibliotecas tem essa função seminal: democratizar o saber, fornecer acesso,e informação relevante diante da explosão exponencial da informação.
Esses dispositivos correm o risco de se tornarem irrelevantes se não conseguirem atender a demanda e urgências do usuários nesse contexto.
O letramento informacional é um serviço que pode se oferecido como ponto de acesso e capacitação de todos.
Pois impacta na democratização e na capacidade de lidar com a informação, ampliando horizontes e perspectivas.
Muitas pessoa podem alegar que isso não é função da biblioteca, pois a escola tem esse papel.
Outra questão é que coma oferta de livros é quase infinita, ou seja o tempo que temos para ler não é compatível com a oferta é preciso criar um critério de relevância sobre o que é relevante de ser ler.
Excluindo leitura de entretenimento que é um forma de matar o tempo. Hoje tem como concorrentes, TV, internet, esporte....
Fica a dica!
Para a reflexão sobre novos rumos e criação de valor dentro da biblioteca.
Nunca teremos um status de médicos e advogados enquanto não tivermos essa pegada ecológica. Criação de valor, relevância e impacto social, retorno do investimento social feito na criação de serviços e produtos. Falando em termos de mercado informacional, e sociológico.
Não abordei o crusamento da oralidade com escrita, esse croosover, tem um grande potencial de agregar a valor e expandir os limites da leitura, leituras coletivas e orais de obras, a rede social do livro, tem uma pegada na criação de valor. Falamos sobre isso depois em "modelagem da informação criando valor agregado com tecnologia humana".
A leitura, o letramento é uma chave poderosa para investir em ações e estratégias efetivas, pensar global e agir local!
Três livros para seu deleite:
A ARTE DE LER, Como adquirir uma educação liberal MORTIMER J. ADLER : “HOW TO READ A BOOK”
( Não confundir com a arte de ler do José Morais ed Unesp
um livro que aborda a ato de ler com consciência e as competências para se tornar um bom leitor. Embora tenha o título pomposo e pretensioso de como adquirir um educação liberal.
Existem livro que falam da leitura como ativo revolucionário e com base em lógica socialista. Procure referências em Paulo Freire Bakunin entre outros..
A arte de ler aponta a leitura como um instrumento
básico para bem viver. Um atributo da razão e precisa ser exercitada além do muros da escolas e instituições vocacionais e religiosas.
Ele não propõe a leitura sobre um ótica utilitarista, mas é um ensaio que trata da leitura, relacionando-a
com a vida, a liberdade e a procura da felicidade.
Ele tem um formula, uma forma de visualizar a obra em seu contexto e conjuntos e mergulhar no particular relacionando o todo a parte. Semelhante a leitura técnica que fazemos para catalogar obras. Leitura interessante apara começar a discutir o letramento informacional.
book trailler: Apresentação de José Monir Nasser
Outro livro também do do Adler, Como Ler Livros : O guia clássico para a leitura inteligente.
A resenha é de Fernando Nogueira Costa.
A resenha abaixo é baseado nas idéias expostas por Mortimer Adler e Charles Van Doren na excelente obra Como Ler Livros: O guia clássico para a leitura inteligente, traduzido por Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara e publicado no Brasil pela editora É Realizações em junho de 2010 com 432 páginas. Como Ler Livros, publicado originalmente em 1940, tornou-se fenômeno raro: “um clássico vivo”. Trata-se do melhor e mais bem-sucedido guia de compreensão de leitura para o leitor comum.
Ele retorna em versão completamente reescrita e atualizada. O livro aborda os vários níveis de leitura e mostra como atingi-los – da leitura elementar à leitura rápida, passando pelo folheio sistemático e pela leitura inspecional. Aprende-se a classificar determinado livro, a “radiografá-lo”, a isolar a mensagem do autor, a criticar.
Estudam-se as diferentes técnicas para ler livros práticos, literatura imaginativa, peças teatrais, poesia, história, ciências e matemática, filosofia e ciências sociais. Por fim, os autores oferecem lista de leituras recomendadas, bem como testes de leitura para que você possa medir seu progresso em compreensão, velocidade e capacidade de leitura.
Você sabe ler?
Se você chegou até aqui, eu espero sinceramente que a resposta seja “Sim”. É até provável que você não só tenha dado essa resposta mentalmente, como a tenha feito acompanhar de um sorriso desdenhoso e uma exclamação como “É claro!”. No entanto, saiba que boa parte das pessoas que responde a tal pergunta com um sonoro “Sim”, na verdade deveriam simplesmente dizer, “Não como poderia”. E isso não tem nada a ver com o alfabeto.
Praticamente, todos os internautas são alfabetizados.
- São capazes de reconhecer palavras e frases, apreender-lhes o significado e pronunciá-las em voz alta.
- Uma parte expressiva deles pode até se dar ao luxo de identificar e corrigir erros gramaticais ou ortográficos daquilo que lêem.
- Uma parte menor ainda é habilitada para sintetizar o conteúdo do que lê, mesmo quando se trata de assuntos fora de alguma especialização que por acaso possuam.
- Finalmente, uma pequena minoria não só é capaz de discutir, mas também de fazê-lo com competência, identificando idéias principais e secundárias, a linha de argumentação usada para expô-las, os pontos fracos e fortes de cada argumentos, e, se for o caso, compará-los com os de outras fontes e assim chegar a uma conclusão.
Este último grupo não apenas assimila informação, mas a processa, avalia e a transforma em conhecimento.
A que grupo você pertence?
Se é a essa pequena elite de iluminados, esse texto não é para você. Ao invés de lê-lo sem proveito, sugiro que escreva outro dividindo com os menos favorecidos as suas técnicas de leitura. Se elas estiverem tão assimiladas que você nunca sequer se deu conta delas, você pode seguir o mesmo método do nosso texto de Falácias e Erros de Raciocínio e usar o método inverso: mostrar como não se deve ler. Em ambos os casos, estará aplicando melhor o seu tempo do que lendo texto que só vai dizer o que você já sabe.
Agora, se você é do tipo que:
» chega ao fim de livro sem conseguir lembrar do início;
» freqüentemente cochila durante leitura mais longa, mesmo quando o assunto interessa;
» várias vezes compra livro aparentemente bom para descobrir, depois de quinze páginas, que ele não vale meia pataca;
» tem dificuldade para resumir as idéias principais do autor, e quando tenta acaba sempre produzindo resumos muito maiores que o desejável;
» está sempre tendo de queimar os neurônios com livros difíceis de entender, mas obrigatórios para um curso, trabalho ou aula;
» toda vez que escuta colega falar sobre uma leitura que você também fez, acaba se perguntando, “Como é que eu não li isso?“…
Este texto foi escrito pensando em você.
1 – Informação X Esclarecimento
1.1 – Diagnóstico triste
A maior parte das pessoas lê mal. Em país como o Brasil, em que a grande massa da população não chega sequer a completar o Ensino Fundamental, isso soa como truísmo, mas aqui estamos nos referindo também aos felizardos que conseguiram chegar não apenas ao fim do Ensino Médio, mas até mesmo, e principalmente, ao Ensino Superior. Infelizmente, a posse de diploma não é garantia de capacidade de leitura eficaz.
Nossa estrutura educacional é falha, muito aquém do que seria preciso para realmente formar um cidadão, e isso vale tanto para o ensino público quanto para grande parte do particular. Além disso, em nossa cultura, ler ainda não é prioridade, o que se reflete no mercado editorial: a maioria dos livros têm baixas tiragens (o padrão de edição é 3.000 exemplares, em país com mais de 190 milhões de pessoas) e demoram a vender, salvo um ou outro best-seller, geralmente de ficção. E como se não bastasse, o fato de alguém comprar determinado livro não significa que vá lê-lo de fato, e mesmo que o leia, não significa que vá entendê-lo tanto quanto a obra merece.
Daí se deduz a pobreza do nosso país no campo da leitura. Mas problemas nessa área não são exclusividade do Brasil, tampouco de países pobres. Já na década de 70, Mortimer Adler — cujas idéias fundamentam este textos — já denunciava que a capacidade de leitura dos norte-americanos que não passava do nível do sexto ano letivo, ou seja, mais ou menos o do nosso primário ou 5.ª série. O autor cita artigo que o professor James Mursell, da Escola de Professores da Universidade de Columbia, escreveu para a revista Atlantic Monthly, em 1939:
“Os estudantes aprendem a ler de forma efetiva em sua língua materna? Sim e não. Até o quinto e o sexto ano, a leitura é de fato ensinada e bem aprendida. Neste nível nos deparamos com um progresso constante, mas a partir daí caminha-se para a estagnação. Não porque o indivíduo tenha chegado ao seu limite natural de eficiência quando ele chega ao sexto ano, porque já está mais do que provado que estudantes mais velhos, e até mesmo adultos, podem continuar fazendo enormes progressos com a orientação adequada. Tampouco isso quer dizer que todos os estudantes do sexto ano lêem suficientemente bem para todos os objetivos práticos. Um número considerável de alunos fracassa no curso secundário simplesmente porque não se mostram aptos a apreender o sentido de uma página impressa. Eles podem melhorar; eles precisam melhorar; mas não melhoram.
O aluno médio das escolas secundários já leu um bocado, e se ele entrar numa universidade vai ler mais ainda; mas provavelmente ele ainda é um leitor fraco e incompetente (observem que isso vale para o estudante médio, não para aquele que recebeu um tratamento especial). Ele pode ler e apreciar um texto simples de ficção. Mas coloque-o diante de um ensaio escrito com rigor, diante de um argumento exposto de forma concisa e cuidadosa, ou uma passagem que exige alguma reflexão crítica, e ele estará perdido. Já foi demonstrado, por exemplo, que o estudante médio revela uma incapacidade surpreendente de indicar qual é o ponto central de um texto, ou os níveis de ênfase e subordinação num texto argumentativo. Para todos os efeitos, ele continua sendo um leitor da sexta série ao longo da universidade.”
Isso era verdade nos EUA em 1939. Em 1972, quando Adler citou esse artigo, ainda era. Alguém tem dúvidas de que seja também no Brasil de hoje? Pergunte a si mesmo quantos livros você já leu este ano. Melhor ainda, experimente fazer uma pesquisa informal entre seus conhecidos: quantos livros já lidos nos últimos 12 meses?
1.2 – Leitura ativa
Para entendermos o que significa dizer que alguém tem nível de “sexta série”, como diz o texto citado, precisamos estabelecer algumas distinções fundamentais. A primeira dela diz respeito à natureza da leitura. Segundo Adler, toda leitura exige certo grau de atividade por parte do leitor, mas que pode variar tanto, que podemos falar, para fins didáticos, em leitura ativa e leitura passiva.
A leitura passiva seria aquela em que predomina a mera recepção de informações. Você decodifica o texto, não pensa sobre ele. É ler com a postura com que geralmente costumamos ver televisão. Um caso extremo é quando lemos texto de maneira superficial, “passando os olhos”, sem realmente nos interessarmos por ele. O resultado é apenas uma memorização mais ou menos superficial do que se leu.
Já a leitura ativa digna desse nome é aquela em que o leitor se esforça ao máximo para captar a mensagem que o autor tenta lhe transmitir. Ele dialoga com o texto que tem diante dos olhos, tenta determinar suas idéias centrais e a ligação entre elas. Enfim, o leitor verdadeiramente ativo é aquele que “está presente” na leitura, alerta, empenhado em compreender a mensagem do autor. Quanto mais ele é, mais eficaz será sua leitura.
1.3 – Finalidades da leitura
Todo o mundo alguma vez já aprendeu algo que mudou sua maneira de entender o mundo, ou algum aspecto dele. Pode ter sido por meio de palestra, de aula, de filme, conversa com amigo ou — o que nos interessa aqui — texto escrito ou livro. É quando, mais do que informação nova, nos damos conta de que captamos algo mais essencial, uma forma de compreensão, uma espécie de ferramenta mental — a lógica por trás de alguma coisa. Nessas ocasiões, nós não apenas aprendemos o “quê“, mas também e principalmente o “como” e o “porquê“. É nossa compreensão que se alarga.
Trazendo isso para o mundo da leitura de livros (e deixando de fora aqueles voltados para o mero entretenimento), Adler dá exemplo muito simples. Suponhamos que você tenha livro que deseje ler. Ora, esse livro consiste de amontoado de palavras escrito por alguma pessoa com a intenção de comunicar algo a você. Portanto, seu sucesso na leitura vai depender do quanto você conseguirá captar da mensagem que o autor tentou comunicar.
Óbvio, não? Porém, a sua relação com o livro, continua ele, pode assumir duas formas. Se você entende perfeitamente o que autor quis passar, então vocês dois têm mentes afins e você pode ter assimilado informação, mas não necessariamente compreensão. A leitura pode simplesmente ter expressado compreensão comum que ambos já tinham antes de se encontrarem.
Agora, pode acontecer de você perceber que não está conseguindo entender tudo que o livro oferece. Algumas coisas fazem sentido, outras não. O livro tem mais a dizer do que aquilo que foi possível captar, de certa maneira ele excede o seu nível de compreensão ao lê-lo. Logo, para conseguir dar conta de tudo que o autor quis comunicar, é preciso alargar sua capacidade compreensiva. Como fazer isso?
Pode-se pedir ajuda a outra pessoa, consultar outros livros. Entretanto, Adler propõe que, de maneira geral, isso pode ser feito, antes de mais nada, trabalhando no livro. Por “livro” nos referimos, naturalmente, a obras voltadas para o leitor em geral, por difíceis que sejam.
“Sem nada além do poder de sua própria mente, você manipula os símbolos à sua frente de tal forma que passe de um estado de compreender menos para um estado de compreender mais. Esse avanço, conquistado pela mente que trabalha num livro, corresponde a uma leitura de alto nível, o tipo de leitura que um livro que desafia sua compreensão merece.”
Nem sempre a distinção entre um tipo de leitura e outra é clara. Muitas vezes ela é muito tênue. Porém, grosso modo, podemos dizer que textos plenamente compreensíveis, como jornais, revistas, são essencialmente informativos. Não nos atordoam com a complexidade peculiar de quando ultrapassamos nossos limites. Por outro lado, sempre que lemos algum texto que nos deixa, ao fim de leitura atenta, a sensação de que não entendemos tudo, ele merece ser tratado como leitura compreensiva.
“Quais são as condições sob as quais esse tipo de leitura — leitura para compreensão — ocorre? Existem duas: primeira, há uma desigualdade inicial de compreensão. O autor deve ser ‘superior’ ao leitor em compreensão, e seu livro deve transmitir de uma maneira legível os conhecimentos que ele possui e que faltam aos seus leitores em potencial. Segunda, o leitor tem que estar habilitado a superar essa desigualdade em alguma medida, se não completamente, aproximando-se sempre do escritor. Na medida em que a igualdade é alcançada, a clareza na comunicação é atingida.
Em resumo, só podemos aprender com nossos ‘superiores’. Devemos saber quem eles são e como aprender com eles. Quem possui esse conhecimento domina a arte da leitura no sentido que nos interessa neste livro. Qualquer pessoa que saiba ler provavelmente terá habilidade para, em alguma medida, ler desta forma.Mas todos nós, sem exceção, podemos aprender a ler melhor e, gradualmente, ganhar mais pelos nossos esforços, direcionando-os para textos mais recompensadores.”
Podemos resumir o que vimos até agora em uma única frase:
» A qualidade de uma leitura depende do esforço investido nela, pelo menos em se tratando de livros inicialmente acima de nossa capacidade e que por isso são capazes de nos levar à transição de estado de entender menos para estado de entender mais.
2 – Níveis de leitura
Para Adler, existem quatro níveis de leitura. Repare que são “níveis” e não “tipos”, porque os níveis mais altos absorvem os mais baixos. São eles, do mais baixo para o mais alto:
1. Leitura Elementar – corresponde ao nível ensinado na escola primária. A preocupação de quem lê nesse nível é com a linguagem em si, a decodificação da escrita, que com qualquer outra coisa. A pergunta que norteia esse nível é: “O que a frase diz?“.
2. Leitura Averiguativa (também chamada de “pré-leitura” ou “garimpagem“) – este nível é voltado para a melhor avaliação possível de um texto ou livro num período curto de tempo. Por exemplo, quando estamos de passagem por alguma livraria, vemos um livro que parece interessante e precisamos saber se ele é bom antes de decidirmos se vamos comprá-lo. Existem alguns bons macetes para isso, dos quais trataremos mais adiante. Por ora, basta saber que a pergunta básica deste nível é: “Este livro é sobre o quê?“.
3. Leitura Analítica – é a leitura completa, a melhor que se pode fazer,ativa por excelência. No dizer de Adler, “se a leitura averiguativa é a melhor que se pode fazer num determinado período de tempo, então a leitura analítica é a melhor leitura possível quando não existe limite de tempo”. É nível de leitura voltado basicamente para a compreensão, de modo que, se seu objetivo é apenas informação ou entretenimento, ele pode não ser necessário.
4. Leitura Sintópica ou Comparativa – implica a leitura de muitos livros sobre certo tema, pondo-os em relação uns com os outros e com o tema. Estudantes de Ciências Humanas são obrigados a se familiarizar com ela. É o nível mais difícil de se alcançar, e não há pleno acordo sobre suas regras. Porém, é também o mais recompensador de todos os níveis.
Por questões de espaço, aqui trataremos apenas da leitura averiguativa e de algumas sugestões para a leitura analítica.
2.1 – Leitura averiguativa
Conforme já foi dito, este nível é, na verdade, pré-leitura, inspeção mais ou menos rápida de material de que, por limitações de tempo, você não pode dar conta por inteiro ainda. Isso não significa que seja pouco útil, muito pelo contrário. Pessoas que têm uma grande carga de leitura, sejam profissionais ou estudantes, podem se beneficiar muito com o conhecimento de técnicas simples de leitura averiguativa. Afinal, mais que qualquer outra coisa, ela foi feita para poupar tempo e nem todo livro merece uma leitura analítica. Saber separar o joio do trigo é necessidade cada vez mais premente no mundo de hoje.
Aqui vai lista de sugestões para boa garimpagem, divididas em duas fases para fins didáticos. A primeira tem como finalidade saber se o livro merece leitura mais atenta; a segunda, facilitar a leitura de livro difícil:
A) Pré-leitura propriamente dita:
» Comece pela capa e pela folha de rosto. Muitos livros hoje têm títulos comerciais que não dizem nada sobre seu conteúdo, mas deixam uma pista no subtítulo. Veja o que ele diz, se houver um. Livros expositivos, de não-ficção, normalmente têm um. Também preste atenção ao nome do autor. Soa familiar? Existe alguma referência extra? Livros de autores de algum renome freqüentemente mostram ao lado do seu nome uma indicação do tipo “Autor de [nome de obra mais conhecida]”. Também verifique a edição do livro; uma obra com várias edições e/ou reimpressões certamente é bem-sucedida e pode dar uma idéia da sua popularidade.
» No verso da folha de rosto costuma ficar a ficha catalográfica do livro, com a notação bibliográfica e os tópicos que ele aborda. Isso é muito importante, especialmente quando se trata de livros de caráter mais acadêmicos. Por exemplo, na ficha catalográfica do excelente “A Educação dos Sentidos”, de Peter Gay, editado pela Companhia das Letras, ficamos sabendo que o livro trata de:
1. Classe média – História – século 19. 2. Sexo (Psicologia) – Aspectos sociais – século 19.
Ou seja, em uma ou duas linhas, ficamos sabendo que o livro trata da história dos aspectos sociais e da psicologia do sexo das classes médias no século 19. E ainda nem lemos uma única frase que realmente tenha sido escrita pelo autor
» Agora que você já sabe de o que trata o livro, em linhas gerais, podemos passar aos detalhes — o índice. É o mapa da estrutura do livro e há autores que se esmeram na sua confecção, especialmente quando se trata de ensaios e trabalhos acadêmicos. Obras antigas eram extremamente minuciosas nos seus índices, com títulos que chegavam a ser verdadeiras sinopses. Porém, hoje em dia, esse é hábito que caiu em desuso, e os velho síndices analíticos muitas vezes dão lugar a índices com títulos misteriosos que mais parecem peças publicitárias. Ainda assim, você só vai saber se o índice é bom conferindo-o, então convém fazê-lo.
» Além do índice tradicional, algumas obras contêm índices onomásticos ou remissivos nas suas últimas páginas. Ali estarão listados nomes e temáticas de forma específica, bem como as páginas onde são citados. É uma boa fonte para ter um panorama dos assuntos tratados pelo autor e pode ser útil usá-lo para identificar passagens potencialmente interessantes e fazer uma leitura rápida. Naturalmente, a importância de algum assunto pode ser avaliada pelo número de vezes em que é citado e se isso acontece muitas vezes é possível que ele seja um dos pontos centrais do livro.
» Leia a contracapa do livro. Algumas vezes contém trechos da introdução, em outras, como em livros americanos, referências elogiosas publicadas na imprensa. O mais provável, em se tratando de obra brasileira, é que você encontre sinopse do livro feita pela editora.
» Leia a orelha. Livros mais recentes costumam trazer breve resenha da obra, assinada por alguém importante na área temática em questão, ou uma sinopse mais aprofundada que a da contracapa. Também é comum encontrarmos uma nota biográfica do autor: onde nasceu, suas credenciais acadêmicas e/ou profissionais, outras obras que tenha escrito. Isso é especialmente útil em obras de não-ficção.
» Dê uma olhada na bibliografia, se houver. Ali você pode ter idéia da erudição da obra que tem em mãos, bem como ter referências sobre o mesmo assunto ou outros a ele relacionados. É até possível que encontre indicação que seja mais importante para o tema que o livro que tem ora em mãos. Cruzando os autores ali indicados com o índice onomástico, pode-se ter ideia de quais das obras listadas foram mais importantes para o autor do livro que você está examinando.
» O livro contém apêndices? Obras históricas ou jornalísticas, por exemplo, costumam deixar a reprodução mais extensa de fontes documentais ou iconográficas para essa parte do livro. Também é freqüente encontrar estatísticas, tabelas, e outros dados que podem ser muito pesados para serem transcritos no corpo da obra. Às vezes, trata-se de uma abordagem mais profunda de subtemáticas muito específicas. Em todo o caso, se há apêndices, dar uma olhada neles pode ser crucial para sua decisão sobre o livro valer ou não a pena.
» Folheie o livro. Leia alguns parágrafos, talvez duas ou três páginas, se o tempo permitir. Os últimos parágrafos de um capítulo muitas vezes contêm síntese do que foi abordado nos anteriores,e os do último capítulo — não necessariamente o epílogo, quando existe — podem conter síntese das idéias centrais do livro todo.
» E, por último mas não menos importante, ao folhear o livro, veja se a estética o agrada. Isso pode ser irrelevante para obras recentes, com apenas uma edição disponível, mas pode fazer muita diferença para aquelas mais antigas ou clássicas, disponíveis em várias edições, por várias editores ou, no caso de autores estrangeiros, em várias traduções. A fonte utilizada torna a leitura agradável? A impressão é boa ou há falhas? A paginação está correta? A diagramação (organização dos blocos de textos na página) é bem feita? A encadernação é de boa qualidade ou o livro parece estar prester a soltar páginas?
No caso da tradução, em se tratando de obras literárias ou mais técnicas, pode ser conveniente procurar alguma referência antes. Se toda tradução é uma traição, como dizia Voltaire, algumas traições são particularmente sórdidas e podem distorcer o pensamento do autor. Obras de filosofia e psicanálise vertidas do alemão, repletas de neologismos difíceis de traduzir para o português, por exemplo, costumam esbarrar nesse problema, como os leitores de Freud e Kant devem saber. A escolha da edição, nesse caso, se torna particularmente importante, especialmente quando algumas obras não são traduzidas do original, mas de outra tradução, geralmente inglesa ou francesa, e não raro antigas e “ajustadas” ao gosto da época.
B) Leitura superficial
Findas essas etapas, que constituem tipo muito ativo de leitura, você já será capaz de dizer bastante coisa sobre o livro que tem em mãos, e se ele vale leitura analítica. Se não valer, nem por isso deixará de saber as idéias principais do autor, que tipo de obra escreveu e ampliar sua cultura geral, quem sabe deixando o livro para uma consulta futura.
Mas suponhamos que o livro valha a pena e você opte por lê-lo de fato, ou, o que é bem possível, simplesmente tenha de lê-lo por obrigação. Ao fim de algumas páginas atentas, você descobre que a obra é complexa. Muito complexa. Você chega à página 15 e se dá conta de que não está entendendo as coisas como deveria, e torna a ler do começo. Esbarra em algumas palavras ou frases obscuras, tenta decifrá-las e descobre que está perdendo muito mais tempo do que gostaria empacado nas primeiras páginas. E a leitura se torna fonte de angústias.
Os leitores de primeira viagem de literatura clássica talvez se identifiquem com essa situação. Qualquer curioso mediano que, na adolescência, tenha tentado ler Shakespeare ou Camões, ou simplesmente um poema nas aulas de Literatura, foi sério candidato a esse tipo de frustração. Para alguns, entender a Teoria da Relatividade pode ser muito mais simples que o primeiro ato de “Romeu e Julieta“. Nas palavras de Adler (grifos meus):
“O enorme prazer que vem de ler Shakespeare, por exemplo, foi estragado para gerações de estudantes secundários que eram forçados a avançar em ‘Júlio César‘, ‘Como gostais‘ ou ‘Hamlet‘ cena a cena, decifrando todas as palavras estranhas num glossário e estudando todas as notas acadêmicas de rodapé. O resultado disso é que eles nunca leram de fato uma peça de Shakespeare. Quando eles chegavam ao final, já tinham esquecido o início e já tinham perdido a visão de conjunto. Em vez de serem forçados a adotar essa abordagem pedante, eles deveriam ser encorajados a ler a peça de uma vez só e discutir o que tivessem assimilado desta primeira e rápida leitura. Só então eles estariam prontos para estudar a peça cuidadosamente, porque já teriam entendido o suficiente sobre ela para aprenderem mais.”
Com a experiência de quem tentou ler Shakespeare com dicionário do lado aos 12 anos, posso dizer que esse é ótimo conselho. Leia sem se angustiar pelos pontos obscuros, pelas notas de rodapé herméticas, pelos neologismos mal-explicados e as referências exóticas. Essa primeira leitura, aqui chamada de “superficial” no sentido positivo, serve para nos familiarizar com a obra em todos os seus aspectos: idéias centrais, estilo, vocabulário etc. Ela vai identificar os pontos mais ou menos difíceis, vai nos sinalizar para o tipo de ajuda de que talvez possamos precisar, vai nos preparar, enfim, para a segunda leitura e o alargamento de nossa compreensão— o benefício mais duradouro de boa leitura.
Pode ser que tenham nos ensinado justamente o contrário. Muitos pais e instrutores bem intencionados ensinam as crianças e jovens a procurar no dicionário qualquer termo obscuro, ou pesquisar sobre algum tema desconhecido que surja no texto. Isso não está errado, mas deve ser feito no momento certo, sem interromper a leitura inicial. Especialmente porque, especialmente no caso de crianças, a preocupação com esses detalhes e a angústia daí gerada pode fazer com que a leitura se torne atividade penosa demais.
Descrição:
Desde que nascem, as pessoas são treinadas para agir de acordo com o senso comum. O ensino convencional as estimula a buscar segurança, e não liberdade. Com medo de se arriscar, a maioria segue o fluxo da boiada e sonha pequeno, optando por conseguir um emprego estável e passar anos financiando a casa própria.
Flávio Augusto também sofreu todas essas pressões, mas conseguiu sair da conformidade bem cedo. De uma família simples da periferia do Rio de Janeiro, aos 23 anos, escolheu o caminho do empreendedorismo, criou uma escola de inglês que deu origem à bem-sucedida rede Wise Up e logo se tornou um dos mais jovens bilionários brasileiros.
Indignado com o modelo imposto pelo senso comum, Flávio resolveu arregaçar as mangas e mostrar às pessoas que é possível pensar de forma diferente. Para difundir sua mentalidade vitoriosa, criou o projeto Geração de Valor e começou a compartilhar seus conhecimentos no Facebook, no YouTube, no Twitter e em um blog, inspirando milhões de pessoas.
Não tenha dúvida: o empreendedorismo é para todos, tanto para quem estudou em Harvard como para quem se formou em Tribobó do Oeste. O sucesso, como Flávio costuma dizer, é uma ciência exata que qualquer um pode aprender. Portanto só depende de você conquistar o que deseja.
O livro traz uma seleção dos textos mais afiados e das charges mais provocadoras do Geração de Valor e é uma oportunidade de enxergar o mundo de outra forma.
Leia, aprenda a pensar fora da caixa e comece agora sua jornada rumo ao topo
Sobre o Livro
...pensar fora da caixa
A maioria das pessoas segue um padrão estabelecido e acredita que coisas exteriores a elas limitaram suas opções. Não são capazes de questionar o mundo que lhes foi apresentado e colecionam desculpas para não sair do lugar. Enquanto isso, um novo mundo continua sendo construído por aqueles que não medem esforços para mudar a própria história. Escolha o grupo de que você quer fazer parte.
...plantá-los
A regra é clara: colhemos somente aquilo que plantamos. Se você fica satisfeito com qualquer coisa, a vida vai lhe dar qualquer coisa. Mas, se quiser o melhor, trabalhe por nada menos que isso. Persiga incansavelmente os meios para alcançar suas metas, sem desculpas esfarrapadas e falta de iniciativa.
...perseverar
Todas as vezes que você se dá ao luxo de ficar de saco cheio e desiste de continuar a lutar pelo que quer, uma parte de seu futuro que você jamais vai conhecer imediatamente morre. Então não desista: transforme cada desafio e cada dificuldade em motivação. O sabor da conquista compensará toda a dedicação, o esforço e os riscos assumidos."
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