Alto preço ainda é um dos maiores problemas enfrentados na área
Cientistas da Universidade Brown, dos Estados Unidos, criaram um programa de computador que promete transformar smartphones convencionais em scanners de três dimensões. Os scanners 3D atualmente disponíveis necessitam de uma sincronização entre um projetor de luz estruturada e uma câmera. Ao contrário de uma fotografia convencional, onde um objeto (uma caneca, digamos) aparece achatado, o padrão de luz projetado oferece mais informação – se a superfície é rugosa ou lisa, ou quão curvada ela é, por exemplo.
Com a novidade, apenas o flash de uma câmera já seria suficiente – bastaria a câmera, ou celular, ter a capacidade de tirar foto no modo burst (disparos contínuos), de maneira sequencial. Dessa forma, seria barato, por exemplo, criar um modelo 3D de um apartamento e testar cores e decoração no computador.
Cientistas forenses poderiam facilmente ter à disposição uma reprodução fiel de uma cena de crime, podendo reanalisá-la posteriormente sem a necessidade de ir ao local – e com mais elementos. Outra aplicação seria criar moldes virtuais para próteses, facilitando sua confecção e personalização.
Segundo Gabriel Taubin, professor de engenharia e de ciência da computação da universidade e líder da pesquisa, os dois principais problemas da área são: 1) o alto preço, de milhares de dólares e 2) a baixa qualidade (resolução) dos modelos criados.
PROBLEMAS. A grande dificuldade em capturar as imagens em 3D pela nova técnica (sem a sincronização com um projetor) é que as imagens capturadas muitas vezes acabam tendo misturas de dois ou mais padrões de iluminação – o que confunde o algoritmo. Ainda não é possível usar o flash da câmera (em uma demonstração os pesquisadores usaram um projetor convencional), mas, diz Taubin, um flash apropriado e específico para o escaneamento 3D teria um preço baixo.
Outro problema é que em muitos casos as imagens são lidas linha a linha, horizontalmente ou verticalmente, o que faz com que partes da cena ou do objeto-alvo sejam captadas em instantes diferentes, também embaralhando os padrões de iluminação.
Outra exigência é que a câmera consiga capturar imagens sem compactá-las – ou seja, com mais informação, para que o método funcione adequadamente. “Com o algoritmo nós conseguimos sintetizar imagens – uma para cada padrão projetado, como se houvesse uma sincronização”, explica Daniel Moreno, estudante e pesquisador do grupo. Os cientistas ainda não revelam se e quando o algoritmo será disponibilizado em lojas de aplicativos para celulares como a App Store (para iPhones) ou Google Play (para celulares Android).
Flash
Futuro. A equipe visualiza o desenvolvimento de um flash estruturado que poderia ser acoplado a qualquer câmera, agora que já existe um algoritmo para “montar” as imagens
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