o que a de novo no velho front...

30 anos de neo-ludismo Percebo que, cada vez mais, tem gente que entende do assunto, mas escreve cada vez mais contra a tecnologia. Não sei o que está acontecendo com essas pessoas, mas venho lendo muita gente falando contra a tecnologia de um modo geral, vindo de gente que deveria ser mais esclarecida. E quando falo em antitecnologia, não falo de uma crítica razoável a produtos ruins (como o que eu faço). Quero dizer que são ataques como dos luditas aos negócios em geral. Não há nada de novo. De fato, da maneira que vejo tudo isso, estamos entrando nos trinta anos do neo-ludismo. Nós podemos muito bem começar pela coluna maluca do Lance Ulanoff da semana passada na PCMag.com norte-americana, a qual ele exige que os fabricantes de HD DVD e Blu-ray cancelem seus produtos e se unam para criar um padrão único. Sim, como se isso fosse funcionar quando bilhões de dólares em taxas de licenças estão envolvidos no processo e ambos os lados acreditem que o outro está tentando roubar todo o dinheiro. Mas o problema dessa coluna não é essa idéia boba. O problema está em apoiar esses movimentos antitecnológicos. Seu tema "Os consumidores não se importam", que foi extrapolado em dizer que todas as coisas são boas como elas são. Por que mudar? DVDs antigos são ótimos em uma tela de alta definição. É bom o suficiente. Pare a máquina! O aspecto geral sugere que Ulanoff, ainda jovem, poderia ter condenado a gravação de discos em favor do cilindro de Edison, usando um raciocínio similar. Portanto à medida que você analisa, por meio das noticias da semana, você irá encontrar a DigiTimes dizendo como os usuários de PC não se preocupam com discos com terabytes de armazenamento. De maneira que progredimos de história em história, temos a impressão de que as pessoas não parecem estar interessadas em nada. Este tipo de coisa ainda vai continuar, claro. Alguns anos atrás, eu dizia que iria usar uma conexão Gigabit Ethernet em casa. "Por quê?", me perguntavam. "100 Mbps é rápido o suficiente. 1 Gigabit jamais irá pegar." Ahn? Podemos voltar bastante no tempo, para o primeiro chip 386. Quando essas máquinas foram lançadas, elas serviam para servidores e, fomos informados, que provavelmente nunca o encontraríamos em um desktop. E sendo assim, foram apresentadas para o público desse modo. Apenas para servidores. Será que as pessoas pensaram que os negócios iriam para no tempo e ficar somente no 386? Isso nunca fez sentido pra mim, desde que esse tipo de afirmação continue em cada nova geração de processadores. OK, voltando ainda mais no tempo, para 1976 e 1977. Na época, você poderia comprar um computador baseado em 8080 ou Z80 - eram chamados de microcomputadores naquele tempo – e poderia colocar 32, 48 ou 64 KB de RAM principal. 64 KB era o limite para muitas máquinas pequenas e para muitas máquinas comerciais na época. Quando você diz para alguém que possui um microcomputador em casa com 64 KB de memória, você sempre tinha a mesma resposta de alguém do departamento de TI ou que tivesse alguma noção sobre computadores: "Porque você precisa de tudo isso de memória?" E ainda achavam que você era louco. Relembrando o passado, parecia uma tendência natural para congelar seu pensamento no tempo e se tornar um ludita com reações negativas ao progresso. Quando o primeiro disco rígido com 5 MB apareceu, muita gente achou que era uma extravagância desnecessária. Hoje nós temos discos com 1 TB pelo mesmo preço e ainda acham que é uma extravagância. Todos nós caímos nessa armadilha. Eu já caí algumas vezes, mas me recuperei rápido. Hoje não tenho o mesmo conceito negativo em relação à HDTV como tive alguns anos atrás. HDTV é sensacional, e eu me recuso a comprar DVDs. Prefiro esperar por um disco de alta definição com o mesmo material. E embora escalar um DVD de 480p para 720p ou 1080p melhore a qualidade de imagem, não é a mesma coisa. É como se um vegetariano que odeia carne gostasse de hambúrguer – coma então um lanche de tofu que lembre carne de verdade e fique feliz. Poxa vida, se você gosta tanto da carne, coma carne então! Comprar uma tela de alta definição e nunca ver conteúdo HD real nela é insanidade, mas existem diversas coisas high tech que as pessoas preferem se proteger com o ludismo e ver, repentinamente, que o progresso não é importante. Essa atitude é uma armadilha a ser evitada. J. Devorak