terça-feira, março 27, 2007

Youtube X My TV

Ficará difícil para o YouTube Só o Google tem os números que mais interessam a todo mundo e que podem, potencialmente, definir o futuro da televisão online. Na falta destes números cruciais, NBC e Fox, separadamente, pretendem lançar nos próximos meses sites de distribuição de vídeo. Farão tudo certo: não é só ir lá na casa dos donos para ver, não. Exatamente como acontece no YouTube, vídeos poderão ser trazidos para blogs ou sites quaisquer e embutidos. A diferença é que ninguém manda vídeo para lá: é só o que NBC e Fox produzem. A vantagem para quem manda no copyright é que não está à mercê das vontades da trupe do Google. Propaganda pode ser incluída no próprio vídeo, os números que indicam quem é mais ou menos popular na Internet ficam com os produtores. Outro que já está para entrar no ar é o Joost, trazido por quem fez o Skype – de telefonia por IP – e o KaZaa, que um dia, há não muito, circulou material pirata. O Joost oferece melhor qualidade de vídeos e melhores acordos para os donos de copyright. Em 2006, o vídeo na Internet estourou. Segundo dados do relatório The state of news media, divulgado há poucas semanas, quem consome vídeo na rede consome 100 minutos por mês. Não é pouco. Ainda segundo o relatório, um calhambaço de 700 páginas, as preferências do distinto público recaem, primeiro, sobre previsões de tempo, em segundo por entretenimento – videoclipes em terceiro. Mas o curioso: o campeão de audiência do vídeo online é a Fox. Em segundo, Yahoo! YouTube leva o bronze. Estes são números absolutos fornecidos pelos donos de cada site. Embora confiáveis por auditados, revelam pouco – em ‘entretenimento’, por exemplo, cabe muita coisa. Mas o fato de a Fox estar em primeiro indica que ampliar sua estratégia online faz sentido. O fato de o mesmo grupo, a News Corp, ser dono também do MySpace, o site de relacionamentos preferencial dos norte-americanos, é promissor. Afinal, diferentemente do Orkut, no MySpace os usuários têm a possibilidade de modificar suas páginas de apresentação, incluindo vídeos, por exemplo. E muitos o fazem: vindos do YouTube. Então a guerra está declarada contra o YouTube/Google. Primeiro veio o processo da Viacom que lhe cobra 1 bilhão, agora donos das fitas querem entregá-las sem terceirizar ao cliente. É muito cedo, no jogo da Internet, para dizer que o YouTube está com a parada ganha. Mas cá entra seu número mais precioso que ninguém fora YouTube tem: o que é visto lá? O que ganha? A acreditar na capa da revista Time, que elegeu ‘você’ como a pessoa do ano, ganha a trupe do Google. Porque o mais visto – e, sim, isto é possível – não é o material das redes de tevê, não são os filmes de Hollywood ou as séries. Naqueles 100 minutos mensais, estão as besteirinhas do cotidiano, os video-blogs que começam a nascer, desabafos da adolescente solitária. Se, inadvertidamente, a Time estiver certa, o YouTube leva porque oferece espaço e facilidades para o usuário apresentar o seu. Se, por outro lado, as grandes empresas de mídia estiverem certas, aí não adianta porque é o bom e velho material produzido profissionalmente que vale. A única diferença é que, na apresentação do MTV Music Awards, os usuários podem partir direto para o beijo de Britney em Madonna pela Internet. Não precisam ver mais toda a ladainha porque a mídia mudou. Mas a ladainha que querem é a mesma boa e velha. Quem ganha? É você quem decide. Pedro Dória

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