Há 15 anos, a borracharia do seu Joaquim, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, começava a oferecer mais do que reparos em veículos. É que ao ver que o pai deixava jornais para entreter os clientes, o filho, Marco Túlio Damasceno, resolveu incrementar a ideia e levar livros para a oficina mecânica. “Começou como um passatempo, mas a coisa foi tomando corpo e, de repente, tínhamos um potencial de biblioteca, estávamos emprestando livros”, lembra Marco Túlio. Hoje, com mais de 10 mil títulos em seu acervo, a Borrachalioteca expande ainda mais suas atividades e inaugura a 1º Festa Literário de Sabará (Flis), .
Na programação do 1ª Flis, além de debateu sobre obras literárias, houve mediação de leitura, narração de histórias, música, grafite, teatro e dança – tudo organizado de forma descentralizada. “A gente queria incentivar a ocupação do espaço público em Sabará, algo que ainda acontece pouco. Por isso, inspirados pelo crescimento da Borrachalioteca nesses anos, prezamos por ações que preencham a cidade toda para mobilizar o máximo de pessoas que pudermos”, diz Damasceno, organizador da Flis.
Mesmo antes deste evento, a Borrachalioteca já havia ampliado seu espaço, se desmembrando em outras três sedes com funções distintas em Sabará: a Casa das Artes, inaugurada em 2007, com a primeira biblioteca de cordel da cidade; a Sala Son Salvador, aberta um ano depois; e o Espaço Libertação pela Leitura, criado em 2010 para investir em projetos literários dentro de presídios.
Inspirada por essa expansão, a 1ª Flis homenageia o cartunista Son Salvador e o escritor e cordelista Olegário Alfredo – que dá nome à cordelteca (biblioteca de cordéis) na Casa das Artes.
Formação. Os dois, inclusive, marcaram presença na festa com as exposições “As Charges do Son” e “Cordel ao Alcance de Todos”, além de oferecerem oficinas gratuitas na praça Santa Rita.
“São duas figuras que eu sempre admirei, que fazem parte da minha leitura e que contribuíram para a formação da Borrachalioteca. Propus a eles oficinas gratuitas para que o povo tenha contato direto com o que eles fazem. Não se trata apenas uma admiração da obra alheia, por mais fantástica que ela seja”, explica Damasceno.
Além disso, pelo menos 4.000 livros forão doados aos moradores de Sabará, em ações dispersas durante todo o evento. “Não vai haver uma concentração de onde os livros serão distribuídos. Queremos pegar as pessoas de surpresa em qualquer lugar, durante toda a programação da Flis”, diz Marco Túlio.
Entre as outras dezenas de atividades da Flis, houve diversas oficinas, como a oferecida pelo Coletivo Periférico, com orientações sobre o funcionamento de uma rádio comunitária, e o Grafite Literário, que mistura literatura e tintas de spray para ensinar o público técnicas da pintura de rua. Das atrações musicais, destaque para as Meninas de Sinhá, do Alto Vera Cruz, que se apresentaram no encerramento da festa, na praça Santa Rita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário