terça-feira, dezembro 15, 2015

Relações travadas com a paisagem urbana

Em “Cidade Satélite”, o artista apresenta uma série recente de desenhos feitos em monotipia e objetos


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“Fábrica Favela” é um dos trabalhos expostos em “Cidade Satélite”

Randolpho Lamonier, desde 2012, começou uma pesquisa em que investiga a paisagem de Contagem, sua cidade natal. Ele passou a observar o modo como os bairros circundam indústrias e, a partir disso, buscou retratar o cotidiano de pessoas que convivem muitas vezes num contexto hostil. Disso nasceu, na época, fotografias exibidas na mostra “Arqueologia dos Nervos de Aço”.
Desta vez, ele retoma a temática, mas a partir de um movimento mais baseado na sua própria memória conectada àqueles espaços. Esse processo o levou a criação de uma série de 30 desenhos em monotipia, além de dois objetos, “Tarde de Sol” e “Fábrica Favela”, que alinhava a colagem em madeira e o bordado. Esses trabalhos estão reunidos na exposição “Cidade Satélite”, montada no Café com Letras Savassi.
“Eu me baseei nas minhas lembranças de infância para poder mapear os espaços que aparecem nas criações. Há uma abordagem, sobretudo, afetiva dos territórios que eu apresento ali”, observa.
Lamonier comenta que as obras apontam um cenário urbano não só árido, mas marcado pela complexidade social. Em razão disso, a violência e a precariedade dos ambientes de convivência surgem nas imagens. “Esses trabalhos têm uma aura muito dura, porque eles tratam de ambientes que são assim. São lugares onde o ar é extremamente poluído e, além da questão ambiental, problemas sociais são também evidentes”, afirma.
Outro ponto frisado por ele é a temática do pertencimento. “Como você se reconhece numa cidade ou num bairro que não tem uma praça e que seu vizinho mais próximo é uma indústria? Como se convive numa área recortada por uma via expressa e por um trem de minério? As obras questionam também isso”, conclui.

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