domingo, dezembro 03, 2006

Equanto isso no Front

Disputa sobre royalties determinará futuro da telefonia móvel Por Lucas van Grinsven AMSTERDÃ (Reuters) - A Nokia, maior fabricante mundial de celulares, afirmou que o vencedor de uma disputa de patentes relacionadas à tecnologia de telefonia móvel de terceira geração (3G) estabelecerá as condições para todos os padrões futuros de comunicação sem fio. "Isso determinará as regras não só para equipamentos 3G e 4G, mas muito mais", disse um importante executivo da Nokia, que pediu para seu nome não ser revelado, durante a conferência Nokia World. Os fabricantes de equipamentos de telecomunicações estão projetando e produzindo dispositivos 3G e 4G para oferecer transmissões de dados ainda mais rápidas e sem fio. Nokia, Ericsson e outros fornecedores de celulares e equipamentos para redes se queixam de que a concorrente norte-americana Qualcomm está cobrando demais pelo uso da tecnologia 3G por ela desenvolvida. Em questão está a definição do conceito jurídico de "uso livre, razoável e não discriminatório", conhecido pela sigla em inglês FRAND, segundo o qual todos os fornecedores de tecnologia móvel devem aderir ao estabelecer pagamentos de royalties sobre as patentes que detêm. A Qualcomm cobra royalty de entre quatro e cinco por cento do valor de atacado de um telefone 3G W-CDMA, o mesmo que cobra por telefones CDMA. O ponto considerado como crucial, porém, é que a Qualcomm detém apenas 20 por cento das patentes essenciais sobre o W-CDMA, em oposição à clara maioria de patentes que a empresa detém sobre o sistema CDMA, de acordo com estudo conduzido alguns meses atrás pelos acadêmicos norte-americanos David Goodman e Robert Meyers. Nokia e Ericsson detêm, cada uma, cerca de um quarto das patentes W-CDMA mais importantes, demonstrou o estudo. No cômputo geral, isso significa que os celulares 3G padrão W-CDMA terminam custando mais caro do que deveriam. As estimativas variam, mas fornecedores e analistas calculam que até 25 por cento do preço de um celular 3G W-CDMA básico seja composto por taxas de royalty, de acordo com Ozgur Aytar, analista da Pyramid Research. Para os fabricantes que detêm patentes 3G próprias, esse percentual ainda assim atinge entre 10 e 15 por cento, acrescentou ela. Em comparação, os taxas de royalties sobre modelos GSM de segunda geração são de cerca de 8,5 por cento para as empresas que não detenham patentes 2G, de acordo com informações da BenQ. BATALHA JURÍDICA A disputa em torno das patentes tem sido travada em um tribunal norte-americano e também no âmbito da Comissão Européia, que decidirá nas próximas semanas se inicia uma investigação oficial. A Nokia espera uma definição sobre o que deve ser considerado como "justo e razoável" no início do próximo ano. O resultado afetará a popularidade dos celulares de terceira geração, atualmente considerados por muitos usuários e operadoras de telefonia como muito caros. Se a Qualcomm conseguir manter suas taxas de royalties sobre o W-CDMA, isso poderá beneficiar o mercado CDMA, no qual a Qualcomm é a única fornecedora de chips, segundo levantamento realizado na Universidade Livre Holandesa. O CDMA é mais utilizado nas Américas e em parte da Ásia, onde compete com tecnologias de redes GSM/W-CDMA, usadas em todos os países do mundo. Atualmente, os celulares CDMA são mais caros que os aparelhos GSM, produzidos em escala muito maior, mas a situação pode mudar quando aparelhos CDMA de terceira geração passarem a competir com modelos idênticos W-CDMA que pagam taxas de royalties maiores. A decisão sobre os royalties do W-CDMA terão também impacto sobre as futuras tecnologias de quarta geração, como o WiMAX, que operadoras consideram que cobrarão taxas baixas. O WiMAX para aparelhos móveis acabou de ser padronizado e os primeiros dispositivos compatíveis são esperados para 2007. "Não há nenhum detentor dominante (das patentes do WiMAX). As comunidades com e sem fio acreditam que o WiMAX terá taxas de royalties muito menores. Isso soa bem para as operadoras de telecomunicações", afirmou Aytar, da Pyramid.

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