BARRA MANSA
A Sala de Braille Acyr Campbell Vieira, inaugurada em 2004, é um espaço destinado aos deficientes visuais. Situada no interior da Biblioteca Professora Adelaide da Cunha Franco, no Centro, são disponibilizados cerca de 300 livros impressos em braile, além de 100 títulos sonoros. É possível encontrar obras famosas atuais, como 50 Tons de Cinza e Harry Potter. Autores como Pedro Bandeira, Machado de Assis e Paulo Coelho também fazem parte do acervo e ainda é possível encontrar livros didáticos nas prateleiras.
Há 19 anos na Biblioteca Municipal, a responsável pela divisão de bibliotecas de Barra Mansa, Maricélia Magalhães Cardoso, contou que o acervo está disponível no local há mais de uma década. “Antes a procura era maior, mas agora diminuiu bastante”, contou. Para ela, o declínio foi causado pela lei (Nº 13.146/15) que obriga a inclusão social de alunos portadores de necessidades especiais em escolas públicas.
“A ideia foi boa para eles, que agora têm oportunidade maior de se socializar e conviver com outras pessoas. E foi ruim para nós que não conseguimos mais ter acesso a eles como tínhamos antes”, afirmou Maricélia. Ela explicou que antes os alunos deficientes eram atendidos por uma escola especializada no centro da cidade, facilitando o acesso à biblioteca. Agora, com a aprovação da lei, esses alunos estão espalhados pela cidade, o que dificulta o trabalho de incentivo à leitura. “Cada um está no seu bairro e não temos mais como ir atrás deles como fazíamos”, completou, afirmando que nesses casos, a prefeitura disponibiliza um profissional para acompanhar o aluno.
Maricélia acredita que não falte investimento do município, mas sim incentivo familiar. “Acho que a maioria dos deficientes visuais é de famílias de baixa renda, que não estimulam os jovens a aprender a ler”, opinou. Ela acrescentou ainda que os audiolivros são mais procurados, visto que muitos cegos não sabem ler e não se esforçam para aprender. Com o surgimento de novas tecnologias e o crescimento acelerado de novas mídias, o audiolivro se torna uma alternativa mais prática aos leitores.
A funcionária da Biblioteca Municipal, Neuza Pires, compartilha da mesma opinião. Ela disse que no caso dos idosos, os títulos sonoros ajudam muito, mas que os jovens não devem ficar na zona de conforto. “As próximas gerações serão mais independentes e verão a importância da leitura”, acredita. Neuza também faz parte do projeto Ledor Voluntário, em que qualquer pessoa interessada pode se inscrever como voluntária para ajudar nos estudos de um aluno cego. Ela contou que a procura aumenta em época de provas e concursos, mas que o incentivo dos pais ainda é primordial para desenvolver as habilidades dos portadores. “Geralmente a família não lê e não busca incentivá-los. Muitas vezes os pais querem que os filhos leiam obrigados, acabam sendo forçados a isso. O certo é deixar que o jovem escolha um assunto que se identifique para dar início a esse processo”, alertou Neuza.
AGENDAMENTO
Para participar do projeto, o aluno precisa agendar um horário entre 8 e 17 horas, de segunda a sexta-feira. Os voluntários também gravam alguns audiolivros, que podem ser escutados em aparelhos de MP3 ou computadores.
Os livros podem ser emprestados aos alunos cadastrados por um período de 15 dias, podendo ser renovado. Para realizar o cadastro é preciso comparecer na biblioteca, no Palácio Barão de Guapy, portando as originais do comprovante de residência, RG e CPF. “Infelizmente poucos deficientes visuais dominam a leitura do braile, o que torna o empréstimo de livros reduzido”, concluiu Maricélia.
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