Trajetória da Dubolsinho, agora com 15 anos, é marcada pela intenção de abrir espaço a escritores brasileiros
Quando criou a Dubolsinho em 2000, Sebastião Nunes já havia publicado três livros infantis. O interesse pela experiência o fez produzir mais, e a oportunidade de ter uma editora logo se tornaria um canal para ele colocar em circulação obras desse tipo, de sua autoria e de vários outros escritores, especialmente aqueles ainda pouco conhecidos ou sem nenhum título editado.
“Garimpar novos autores é justamente uma função das pequenas editoras, que conseguem revelar autores bons no mercado. As grandes não estão muito preocupadas com isso. Nós apostamos muito em escritores que ainda não têm grande prestígio, e isso permite algumas ótimas descobertas, como autores com textos deliciosos. O nosso interesse principal é a literatura de alto nível, isso é o que nós fazemos questão”, diz Nunes.
Para concretizar esse objetivo, 15 anos atrás o escritor recorreu a uma estratégia semelhante à campanha de financiamento coletivo que foi aberta recentemente com o intuito de arrecadar doações num momento de dificuldades para a editora. “Em 1999, eu mandei um conjunto de cartas para 120 amigos, pedindo contribuições para montar a Dubolsinho, e no fim de 2000 eu tive 40 respostas. O valor que eu arrecadei foi suficiente para fundar a editora, que, dali em diante, trouxe muitos nomes ainda pouco conhecidos, entre outros com maior reconhecimento, como Fernando Brant, Milton Nascimento e Manoel Lobato”, pontua.
Além de trazer a público obras inéditas, ele recorda como a casa editorial também recuperou criações que estavam esquecidas. “O livro ‘A Revolta das Bruxinhas’, de Ivana Versiani, foi uma delas. Ele foi lançado em 1970 e tinha ilustrações de Henfil, porém estava abandonado. Eu achei que seria interessante recuperar isso. Procurei, então, o filho de Henfil, que cuida do trabalho do pai. Ele digitalizou as ilustrações daquele título e eu o relancei em 2003”, conta Nunes.
Amigo do editor desde a década de 80, o também escritor Romério Rômulo, que vai lançar em breve o título de poesias “Ah, Se Eu Fosse Maradona!”, pela Dubolsinho, comenta como as escolhas de Nunes refletem o cuidado com o conteúdo literário. “Eu me tornei amigo de Tião porque eu já gostava muito do trabalho dele como poeta, principalmente a parte visual da poesia dele. Ele sempre teve um cuidado grande com os aspectos literários e visuais das obras. Então, eu acho que ele buscou se dedicar a trabalhos relevantes. A atuação dele na editora, que tem alguns projetos socais, inclusive, reflete essa preocupação com o desenvolvimento das pessoas”, comenta Rômulo.
Para Tereza Nunes Machado, filha do idealizador da Dubolsinho, e com quem trabalha há três anos, a relevância da editora se dá justamente pela maneira como ela consegue articular ações de cunho cultural e educacional. “A publicação de autores independentes é, sem dúvida, algo de grande importância, mas além disso a trajetória da Dubolsinho foi se tornando cada vez mais ampla, a partir desse olhar para a questão social. Hoje, há uma biblioteca comunitária sendo montada dentro da editora, que está localizada numa região central, importante de Sabará, e carente desse tipo de iniciativa”, sublinha ela.
Tereza também ressalta como, apesar das dificuldades financeiras, a expectativa é de ampliação desses projetos. “Há ainda a ideia de se montar um centro cultural nesse mesmo lugar onde funciona a editora, já existe até uma planta aprovada”, diz.
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