Professor titular de Direito Constitucional da UFRGS e da FMP
Por: 30/10/2015
A Feira do Livro de Porto Alegre, já na sua 61ª edição, oportuniza sempre uma reflexão sobre a importância do livro.
No filme Fahrenheit 451 (1966), de François Truffaut (1932-1984), um dos principais nomes da Nouvelle Vague, baseado em romance de ficção científica de Ray Bradbury, num futuro distópico os livros são proibidos por um regime totalitário, a pretexto de fazerem as pessoas infelizes, improdutivas e antissociais. O pensamento crítico é suprimido. Encontrados livros, "bombeiros", na realidade queimadores de livros, são chamados para incinerá-los (fahrenheit 451 corresponde à temperatura de queima do papel), os leitores sendo "reeducados". Na "terra dos homens livres", pessoas memorizam livros para, no futuro, publicá-los, quando não forem mais proibidos.
Se o livro muitas vezes serviu de instrumento às ortodoxias, ele foi principalmente um instrumento para a libertação e a transformação. Por isso mesmo, regimes autoritários costumam censurar as publicações, obrigando muitas vezes ao aparecimento de uma imprensa clandestina e alternativa.
Com o surgimento da tipografia, em meados do século 15, o livro pouco a pouco se populariza, estando presente nas grandes revoluções dos séculos 17 e 18, Inglaterra, Estados Unidos e França.
"Temo o homem de um só livro", frase geralmente atribuída a Santo Tomás de Aquino (1225-1274), o maior teólogo da Igreja Católica, podendo significar, por um lado, um elogio ao homem que conhece profundamente um só livro e, por outro, uma crítica ao homem influenciado por um só livro, um só pensamento. O livro deve ser antes de tudo um instrumento para a abertura dos espíritos, um instrumento para o saber e para a vida. Livro, enquanto condensação do saber e da vida, independentemente do meio empregado. Desde a modernidade, predomina o livro impresso, mas deparamos na atualidade com a realidade do livro digital. Quem sabe, no futuro, novos meios sejam utilizados para divulgar o pensamento. O fundamental é a sobrevivência do pensamento, não importando o meio em que ele se condense. Pensar é libertar-se, libertar-se é humanizar-se, humanizar-se é dar sentido e significado à nossa existência.
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