domingo, novembro 08, 2015

Novembro Azul conscientiza sobre câncer de próstata

Sete novos casos da doença surgem a cada hora; diagnóstico precoce é essencial para cura e homens devem procurar o urologista a partir dos 50 anos


Exame de toque ainda é tabu para brasileiros
O Cristo Redentor será ilumidado de azul neste mês de novembro, dedicado ao combate ao câncer de próstata

Um estudo realizado este ano pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontou que 51% dos homens nunca consultaram um urologista. Doença mais prevalente nos homens, o câncer de próstata tem estimativa de 69 mil novos casos ao ano, ou seja, 7,8 novos casos a cada hora. A doença não tem prevenção, no entanto, seu diagnóstico precoce é essencial para o tratamento curativo.
Hoje em dia, é possível até mesmo não retirar o tumor, quando ele é classificado de baixo risco, apenas acompanhar sua evolução, o que é chamado de vigilância ativa.
Para conscientizar a população da importância dos exames anuais a partir dos 50 anos, a Sociedade Brasileira de Urologia e o Instituto Lado a Lado pela Vida realizam o "Novembro Azul". A campanha, idealizada pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida, tem foco na conscientização do câncer de próstata no Brasil.

Ao longo do mês serão realizadas ações em todos os estados brasileiros, que contemplam a iluminação de pontos turísticos e monumentos, palestras informativas para leigos, intervenções em locais de grande circulação, além do VIII Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, que será realizado no dia 17 de novembro – Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata – na Câmara dos Deputados, em Brasília.
“Pessoas da raça negra e quem tem familiares de primeiro grau que tiveram a doença devem procurar um urologista para avaliar a necessidade de iniciar seus exames a partir dos 45 anos”, alerta o presidente da SBU, Carlos Corradi. O exame da próstata consiste no toque retal e na dosagem sérica do PSA no sangue.
A realização de exames nessa faixa etária está relacionada à diminuição de cerca de 21% na mortalidade pela doença em estudos de grande porte e longo seguimento.
“O urologista é o profissional médico capaz de diagnosticar e tratar a doença. Por vezes, o auxílio do oncologista e do radioterapeuta é necessário. Na maioria dos casos iniciais, o paciente não tem sintomas e só a avaliação rotineira com o exame de PSA e o toque retal permitem estabelecer a suspeita e prosseguir na investigação”, afirma o diretor de Comunicação da SBU, Carlos Sacomani.

                                  campanha de hospital Agência: JWT  Título: The Running Finger

Novidades
Atualmente, ao descobrir-se o câncer de próstata, é possível avaliar sua agressividade. “Nos últimos anos, estudos de imagem realizados em biópsias dos tumores possibilitam individualizar a doença e determinar o melhor tratamento para aquele caso”, afirma Corradi. Ao ser classificado como de baixo risco, pode ser indicado o tratamento de vigilância ativa, metodologia baseada na observação da evolução do quadro sem intervenções terapêuticas quando o câncer é classificado como indolente e o paciente se enquadra em uma série de requisitos.
Até 2010, ao descobrir-se um câncer de próstata em estágio avançado, o tratamento era paliativo. A partir de então começaram a surgir diversos medicamentos que proporcionam sobrevida e uma melhor qualidade de vida ao paciente. “Recentemente chegaram ao Brasil quatro medicamentos que podem prolongar a vida em média de 4 a 6 meses cada um deles. Eles atuam retardando a progressão do tumor”, afirma o coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU, Lucas Nogueira.
O objetivo do Novembro Azul, no entanto, é diagnosticar casos no início, quando as chances de curam beiram 90%. 
Fatores de risco
• Idade (cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos)
• Histórico familiar
• Raça (maior incidência entre os negros)
• Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos
• Sedentarismo
• Obesidade


Sintomas (só aparecem nos casos avançados)
• Vontade de urinar com urgência
• Dificuldade para urinar
• Levantar-se várias vezes à noite para ir ao banheiro
• Dor óssea
• Queda do estado geral
• Insuficiência renal
• Dores fortes no corpo

“A ideia é incentivar a prevenção da doença, reforçando a importância do diagnóstico precoce. Um folheto contendo informações sobre o câncer de próstata será distribuído na clínica, dando foco à importância da superação e a informações sobre prevenção e estatísticas da doença em todo o mundo”, destaca Fernandes.
descuido. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em 2013, com 5.000 homens, revelou dados preocupantes: 47% dos entrevistados nunca realizaram exames para preventivos do câncer de próstata; 44% jamais se consultaram com um urologista, e 51% nunca fizeram exames para aferir os níveis de testosterona (hormônio masculino) no sangue.
“A importância de realizar o exame aumenta com o passar do tempo. O câncer de próstata é o que mais acomete a terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos de idade. Se não diagnosticados a tempo, alguns desses tumores podem crescer de forma rápida e se espalhar para outros órgãos, o que pode levar à morte. Por isso, um mês dedicado a esclarecer e a desmistificar essa doença é muito importante para incitar os homens a fazer os exames de prevenção com regularidade”, explica o oncologista.
Avanços. Nos últimos anos, têm ocorrido grandes avanços no conhecimento da biologia do câncer de próstata. Esses avanços proporcionam um maior entendimento do comportamento da doença e favorecem o desenvolvimento de testes moleculares que, num futuro próximo, orientarão a escolha do melhor tratamento para cada caso, garantindo maiores chances de cura.
“De forma pioneira, testes mais sensíveis e específicos que a dosagem de PSA vêm sendo utilizados para o diagnóstico de câncer de próstata agressivo. Esses testes são realizados em sangue e poderão dispensar a realização de procedimento para a biópsia, nos casos de câncer de próstata de comportamento indolente”, destaca Fernandes.
Tratamento
VariáveisO tratamento depende do estágio da doença no organismo, do tipo de tumor, da idade do paciente, da presença de outras doenças e da opção pessoal de cada um. As armas de combate ao câncer de próstata variam desde a observação até a cirurgia e a quimioterapia. Para os homens com tumores de crescimento lento e pouco agressivos, em estágios iniciais, não é necessário tratamento, apenas acompanhamento médico.
Fatores de risco do câncer

De acordo com dados do Inca, somente entre 2014 e 2015 foram estimados quase 70 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil, ou 70 diagnósticos confirmados em cada grupo de 100 mil pessoas do sexo masculino.

“Em países desenvolvidos, a incidência desse tipo de tumor está relacionada ao aumento da expectativa de vida e também à maior facilidade de acesso a serviços de atenção à saúde”, explica o oncologista Roberto Porto Fonseca, presidente do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Cancerologia e diretor da Oncomed-BH.

Hereditariedade, genética e má alimentação também podem contribuir para o desenvolvimento da doença. “Homens com história familiar da doença em parentes de primeiro grau (pai/irmãos) e também os de raça negra têm um risco mais elevado”, afirma Fonseca.

Níveis baixos de vitamina D também poderiam aumentar a incidência do câncer. “Vinte minutos diários de exposição ao sol antes das 10h ou após as 16h são suficientes para manter níveis adequados dessa vitamina no sangue. Consumir alimentos ricos em licopeno, como tomate, também pode reduzir a incidência da doença”, explica o especialista. 

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