Uma sobrevida para a indústria (cultural)

DANIEL OLIVEIRA o tempo

A revolução do streaming não se resume apenas ao vídeo. Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), a renda da música digital superou a venda física de discos no país pela primeira vez entre janeiro e maio deste ano. Uma indústria que muitos pensaram estar com os dias contados após o advento do MP3 está se reformulando graças a serviços como o Vevo, no YouTube (que acabou de lançar o ouTube Music nos EUA), a iTunes Store, o Last.FM e especialmente o Spotify.

“Nunca fiz questão de ter a música. Sempre quis ter a possibilidade de escutá-la. O mesmo vale para filmes”, explica Humberto Guerra, usuário assíduo do Spotify. O aplicativo permite que o usuário tenha acesso a uma gama infinita de músicas gratuitamente e, por alguns poucos dólares mensais, é possível capturar as preferidas para ouvir quando estiver offline.

“O Spotify decretou a obsolescência do meu acervo de MP3. Quando estou conectado, escuto a rádio deles e espero as sugestões que o aplicativo faz. Todo dia vai ter pelo menos umas três que eu curto e copio para minhas listas pessoais para ouvir quando estou no carro ou offline”, descreve Guerra. Rafaela Fernandes, outra viciada no aplicativo, ressalta sua praticidade. “Antes eu tinha que baixar música para colocar no meu iPod. Hoje em dia estou no carro, conecto o celular pelo bluetooth, é muito mais fácil”, avalia. Guerra, por fim, celebra a consciência limpa trazida pelo serviço. “É mais confortável moral e legalmente. Nunca me senti à vontade com a pirataria, apesar de já ter feito uso dela. Sempre achei que era uma conta que não fechava. Agora, fico tranquilo”, sorri.