sábado, novembro 14, 2015

Livraria como experiência

CRIE NA CRISE!

Livreiros apontam mudança da forma de venda como solução para a crise na 25ª Convenção Nacional de Livrarias realizada em São Paulo

25ª Convenção Nacional de Livrarias
Ednilson Xavier, Angela Aranha, Sergio Herz e Afonso Martin na 25ª Convenção Nacional de Livrarias
Em um momento em que os livreiros e as livrarias se veem obrigados a se reinventar para sobreviver à crise, o primeiro dia da 25ª Convenção Nacional de Livrarias se transformou em um grande debate sobre a principal preocupação do livreiro: a sobrevivência. Com o tema “Criar na Crise”, o encontro, que começou ontem e termina hoje, reuniu representantes de livrarias do país na busca de soluções.
 
As dificuldades do setor não são poucas. Com a crise, o maior comprador de livros do país, o governo, está ausente. “Ele não está comprando e, se compra, não está pagando”, declarou Ednilson Xavier, diretor da Livraria Cortez e ex-presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), responsável pela organização do evento. Além disso, o setor lida com dificuldades que são alheias à crise politico-econômica que assola o país. As pequenas livrarias, essenciais para a formação do leitor, há muitos anos dão lugar para grandes lojas e, mais recentemente, grandes varejistas online, que, comprando em grandes quantidades, conseguem oferecer preços mais competitivos ao leitor. Para completar as grandes dificuldades do setor,  há ainda a percepção de uma mudança no padrão de consumo do leitor brasileiro, que estaria ausente nas livrarias.
 
No começo do dia nesta terça (10), o debate focou ações possíveis a todas as livrarias do país durante a mesa “As Livrarias e os Novos Tempos - Acompanhando a Sociedade Moderna”, mediada pelo diretor-presidente da ANL, Afonso Martin. Assim como os problemas, as soluções propostas pelos representantes de livrarias grandes e pequenas não são poucas. Para Xavier, Sergio Herz (Livraria Cultura), Angela Aranha (Casa de Livros), e Epson Andrade (Livraria BrainStore), parte da resposta está em ações locais, como organização de eventos pensados para a comunidade onde a livraria se insere, levando em consideração suas particularidades e interesses; a presença dentro de escolas interessadas em formar leitores; a curação adequada de acervos; e a formação dos vendedores como leitores, para melhor atenderem o público. 
 
O futuro da livraria, porém, estaria em uma nova forma de enxergar o local, que deixaria de ser ponto de venda para se transformar em uma experiência. “O varejista hoje briga pelo tempo livre das pessoas, que é escasso”, aponta Herz. Experiências da livraria Cultura, como a inclusão do restaurante e café Manioca, dos chefs Helena Rizzo e Daniel Redondo, na unidade do shopping Iguatemi, em São Paulo, são apontadas pelo executivo como um caminho economicamente viável. “Eles pagam 30% do aluguel da loja”, aponta, explicando que a proposta é bem vista pelo público, que busca “comer e beber alguma coisa enquanto lê”.
 
Lei do Preço Fixo. Ponto central de debates entre os livreiros, o projeto de lei 49/2015, da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), também foi debatido pela senadora e representantes da ANL, Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu), Associação Brasileira Difusão Livro (Abdl), Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), Câmara Brasileira do Livro (CBL), Liga Brasileira de Editoras (Libre) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) no primeiro dia da convenção. 
 
Apresentada no começo do ano - e com previsão de ser aprovada até o fim de 2016 - o projeto de lei propõe a proibição de descontos de mais de 10% no preço de capa no primeiro ano após a publicação. Representando os dois lados do mercado do livro - editoras e livrarias - os presidentes das entidades usaram o debate para apresentar uma rara frente unida em defesa do projeto de lei, que eles entendem ser essencial para a boa saúde do mercado. “Um megadesconto hoje pode significar um preço mais caro no futuro ou até a inexistência desse produto tão precioso”, resumiu o presidente da Abrelivros, Antonio Luiz Rios.
 

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