terça-feira, maio 03, 2011

A Arte de Escrever Para a Web


A Arte de Escrever Para a Web
Ultimamente as pessoas (quando citar pessoas, entendam por WebProducers) têm se preocupado com as novas tecnologias que vêm surgindo (ASP.NET, J2EE ...) mas quando vão produzir o site, ele não agrada. Por quê? Esse artigo visa a responder essa pergunta e evitar essa situação: aqui eu abordarei o WebWriting amador, ou seja, para aquele que faz sites para si mesmo, para amigos, ou mesmo comercialmente - mas sozinho ...
ltimamente as pessoas (quando citar pessoas, entendam por WebProducers) têm se preocupado com as novas tecnologias que vêm surgindo, como ASP.NET, J2EE, etc...

Mas quando vão produzir o site, ele não agrada. Por quê? Esse artigo visa a responder essa pergunta e evitar essa situação: aqui eu abordarei o WebWriting amador, ou seja, para aquele que faz sites para si mesmo, para amigos, ou mesmo comercialmente - mas sozinho.
Em um próximo tutorial nós trataremos de WebWriting profissional, para quem quer viver e trabalhar como WebWriter e não como produtor Web. Mas... oops! Falei demais de WebWriting e não disse o que ele é:

 WebWriting - O que é?

Antes de mais nada, vale lembrar: desassocie a idéia de escrever para a Web de profissão em informática. Um WebWriter é, antes de mais nada, um jornalista. Por quê?

Pois a Internet é uma mídia como outra qualquer: se aquele que escreve para revistas ou jornais é um jornalista, por que não seria aquele que escreve para a Web também um?

Apesar dessa semelhança importantíssima, há uma coisa da qual você não deve se esquecer: enquanto numa revista ou jornal o texto é o elemento número um, na Internet ele divide lugar com a usabilidade, a navegabilidade e o design. Um bom site tem em mente todos estes elementos - e muito bem desenvolvidos. Por ser uma idéia nova, muitos ainda não sabem (ou mesmo esquecem) que ela existe.

Mas quando você ver um bom site feito por apenas uma pessoa, pode chamá-lo para trabalhar como redator online de qualquer site. Com alguns aperfeiçoamentos, ele sem dúvida será um ótimo profissional. Em suma: ele é WebWriter e nem ele sabia disso. Finalizando, ninguém poderá te ensinar a fazer WebWriting.

Aqui te darei algumas noções para você não começar sem rumo nenhum. Escrita é um trabalho de tentativa, erro e muita leitura. Afinal, ninguém ensinou Monteiro Lobato ou Clarice Lispector a escrever (bem)...

 Escrevendo para a Web

Se você se interessou pelo assunto, já está na hora de agir! Vou começar desfazendo e retificando um mito muito difundido na Internet: "texto para a Web não deve ser curto". Na realidade ele tem que ser sucinto e não-cansativo. Agora que você já não tem mais limites para deixar sua criatividade fluir, vou dar uma noção de "o que é o texto para Web" usando uma metáfora de Bruno Rodrigues:

"Primeiramente, despeje na panela toda sua experiência em jornais diários e revistas semanais - lembre-se de não deixar nada na lata. A seguir, divida sua experiência em textos publicitários em pequenos cubos e jogue-os na panela, lembrando-se de misturar o conteúdo continuamente. Sabe aquele saquinho de matérias para rádio, que está na sua dispensa há alguns meses, e você não sabia como aproveitá-las? Pois bem, acrescente mais esta experiência. Para finalizar, duas colheres de fermento de releases, que estão guardados desde sua época de Assessor de Imprensa. Misture a massa durante 10 ou 20 minutos. Você notará que, no fundo da panela, irá se formar uma calda. Agora, congele a massa... e sirva a calda!"

É isso mesmo! A Web é uma mistura de vários estilos de comunicação, aquele mix de texto publicitário com informativo, com uma pitada de persuasão. E como nem todos cozinham igualmente, a calda não sairá a mesma para todos. Por isso é que não existe fórmula mágica para fazer WebWriting. Lembro mais uma vez que apesar de você estar escrevendo para a Internet, você ainda é um redator: portanto não deixe que as regras de escrita sobreponham seu estilo - e cabe a você descobrir qual ele é. Como você já deve ter percebido, o meu é leve, utilizando principalmente a 2ª pessoa, e informal.

Mas não deixe que seu estilo atrapalhe o estilo do leitor: assim como você não faria a mesma comida para uma reunião de jovens e uma de executivos, você não usaria o mesmo estilo de escrita num site voltado a baladas e jogos em um de uma multinacional voltada para o comércio eletrônico.

Apesar de parecer meio confuso, eles não se desmentem: você tem seu estilo de falar, que sofrerá modificações quando você for falar com seu chefe ou um grupo de jovens na rua. Sua caneta, ou melhor, seu teclado, tem que funcionar da mesma maneira.

A seguir, você aprenderá alguns conceitos que serão úteis:

 A vitrine eletrônica
Nesta seção abordarei um site como uma vitrine: ela exibe seus produtos, sejam eles conteúdo, informação, ou mesmo produtos literalmente ditos. A montagem da vitrine, o fundo, as cores, os elementos, etc, caracterizam o site. Para completar a comparação com uma loja, falta apenas um elemento: o vendedor ! E quem é o vendedor no site? O WebWriter, lógico. Vamos entender isso melhor ...

O que faz um vendedor? Vende ? Não ! A principal tarefa dele é convencer o comprador, ou seja, persuadir. E é exatamente sobre a persuasão que iremos falar nesta seção: para você entender melhor, tome o site como o produto que você quer vender. A partir daí, você atuará de forma muito parecida com a de um vendedor "convencional", seja aquele que vende limonada na rua ou carros importados (com as suas devidas diferenças). Para vender o seu produto (o site), você usará velhos conceitos de persuasão, ou lábia, como preferir:

 1. Credibilidade
Como o site é seu produto, o internauta é seu cliente - e você deve ser honesto com ele. Lembre-se que se você usar alguma manobra para ganhar visitação, o internauta irá perceber o golpe baixo e você perderá um cliente (ou um visitante, como queira). Não adianta fazer de tudo para que ele consuma o produto: quando ele o consumir, perceberá que não era a imagem que você projetou nele e você deve ter muito cuidado com isso.
Conclusão: jamais utilize artimanhas para ganhar visitação.

 2. Verdade
Jogue sempre limpo ! Mostre os aspectos negativos de seu produto pois não há nada perfeito. Claro que você não vai escrachar (com perdão da palavra): não diga o que é, deixe que ele perceba e tire suas conclusões pois ele se sentirá em um lugar confiável depois de perceber que você é honesto. Mostre a verdade de uma maneira sutil, sem tentar esconder. Então, dê uma virada: mostre o motivo daquilo acontecer e o que está sendo feito para que o problema seja sanado. O seu "cliente" se sentirá aliviado ao mesmo tempo que sabe que ele pode confiar em você e em seu produto.
Conclusão: lide com a realidade, por mais que ela seja sombria.

 3. Emoção
Agora você já deve ter conquistado o racional do visitante e é chegada a hora de partir para a emoção: não tenha medo de ser emocional demais pois o cliente quer ser seduzido. Mostre dados, fatos, de uma maneira que o cliente fique convencido de que não pode viver sem seu produto. A fidelidade do seu cliente mora aí.
Conclusão: o leitor quer ser seduzido.

 Os Três Mandamentos
A Internet não tem regras. Nem o WebWriting. Por isso escrever para a Web é ao mesmo tempo muito fácil por não ter que seguir nenhuma exigência e muito difícil por não se ter nenhuma referência ou idéia de por onde começar. Mas apesar de não haver nenhuma regra, há uma bússola que dá algumas direções úteis: são conceitos simples, mas que se bem aplicados darão sucesso estrondoso ao seu WebWriting. Vamos aos pontos cardeais:

 Objetividade
Está lembrado que no começo do artigo eu falei que "texto para a web não tem que ser curto"? Pois bem, agora vou explicar e detalhar o motivo disso. Você deve ir direto ao assunto: o monitor não é uma página de revista e não há lugar para se ler confortavelmente. Aquele texto de um folheto ou revista vai muito provavelmente virar lixo na Internet. Seja direto mas tome cuidado pois ao mesmo tempo que o visitante não quer acabar com os olhos lendo textos na tela, ele QUER a informação que está procurando. Então, tome cuidado para não omitir as informações importantes enquanto tenta ser objetivo.

E se, levando por esse raciocínio, uma informação fica ainda muito grande, mesmo que sem rodeios? Lembre-se de não ultrapassar vinte linhas por tela. É claro que esse número dependerá do tamanho da fonte, das figuras, gráficos e etc que a página contém. Mas você é uma pessoa inteligente e o seu bom senso falará qual é o limite.
E lembre-se: o link é o melhor amigo da objetividade. Por quê? Imagine que seu site trata de um assunto que pode se desdobrar por dezenas de caminhos diferentes. Basta colocar links para eles onde o texto abordar sobre tal assunto: se o visitante se interessar, ele entra, caso contrário, não. Agora imagine se você tivesse que juntar tudo em um texto para uma revista: coitado do seu leitor...

 Navegabilidade
O visitante não gosta de se sentir preso: imagine seu visitante como participante de uma excursão de turismo por uma cidade. Só há um grupo e ele quer ver pinturas e o grupo está em arqueologia... Na excursão ele não pode simplesmente mudar de grupo sem mais nem menos - mas a Internet propicia isto e, se ela propicia, por quê não aproveitar? Deixe-o livre com todas as opções à mão. Não seja pomposo quanto à linguagem. Não indique um atalho para "a exposição pictória da cultura mexicana do século XIV": ele só quer ver belas pinturas maias.

Quanto aos links para sites externos, NUNCA coloque-os no corpo do texto: o visitante se sentirá confuso ao ver que o padrão das páginas e do texto mudou. Também vale lembrar para não exagerar: colocar vários links em um só parágrafo deixará o visitante "maluco" indo de lá para cá, como num labirinto - e talvez ele não volte ao texto. Não porque não sabe voltar: é porque ele perdeu a paciência...

Ao mesmo tempo que o webdesigner procura deixar o site pouco cansativo, o webwriter tem que procurar não fazer o internauta sair das páginas porque não agüenta mais o texto que é chato demais: se o visitante se deparar com uma página feia, não há texto que funcione. Por isso costuma-se dizer que metade da tarefa de "fisgar" o visitante é do texto e a outra metade é do design.

 Visibilidade
É essa a mais difícil missão do webwriter. É também aqui que ele deixa de ser um simples redator de site para ser, de fato, um webwriter. Por quê? O redator escreve, e o webwriter tem que fazer a informação ser VISÍVEL. Portanto ser webwriter não significa somente saber escrever para a Web, mas sim arquitetar as informações para que o visitante as encontre: é aí que o webwriter tem que usar os menus, os applets Java, os botões...

Então, já que é assim, vou colocar o máximo possível de coisas na primeira página, e tudo estará à mão dele. Certo? Errado ! Essa situação se parece com "você tendo que procurar um único chinês entre 1 bilhão deles, sendo que ele não tem endereço, nem nome, nem mapa...": a homepage de um site não é uma árvore de natal e não adianta querer pendurar todo o conteúdo nela - mas juntar tudo e fazer uma estrutura funcional é muito difícil. E aí é que está a mais excitante das metas: o simples fato de que tudo não cabe na primeira página.

 Aprendendo com quem sabe
Como não há nada fixo em WebWriting, que tal analisar sites prontos para ver as suas estratégias para conseguirem atrair visitantes ao mesmo tempo que não se esquecem da objetividade, navegabilidade e visibilidade? E qual é o melhor tipo de site para analisar? Todos. Exatamente todos. Por quê? Porque cada tipo de site tem um tipo de escrita - e quanto mais estilos você ver, melhor. Vale lembrar que aqui que você não é mais um simples visitante: você é um WebWriter analisando o trabalho de outros. Portanto esqueça de navegar somente por navegar: você tem que analisar e criticar. Vamos a alguns parâmetros para você analisar melhor:

 Arquitetura de informação
Navegue pelo site pensando em como ele foi feito: se você percebe que a página foi bem pensada e bem mapeada, nota 10!

 Conteúdo
Tem que ser exatamente o que o visitante espera, sem nada supérfluo, aprofundando o que é importante. Se você ler e achar informações importantes durante toda a extensão do texto, nota 10!

 Navegabilidade
Você tem que achar o que procura o mais rápido e com o menor esforço possível. Um site é um imenso banco de dados: cabe ao webwriter criar as tabelas, chaves primárias e etc para organizá-lo.

 Visibilidade
Se você procurar por alguma coisa e não encontrar e depois descobrir que ela estava lá, nota 0! Você vê que um webwriting é bom quando você pode ver tudo o que quer, mesmo tendo que passar por várias seções diferentes. O talento de um webwriter está definido aí.

 Objetividade
O texto é longo, cheio de rodeios, para uma informação importante e curta? Ela está no final do texto? O texto é longo e sem motivo do tamanho? NOTA ZERO!

 Design
Por mais que você seja um webwriter e não um designer, se o visitante se deparar com uma página feia, não tem webwriting que salve. Como avaliar? Fácil: se logo na homepage você tem vontade de continuar, nota 10!

 Tecnologia
A tecnologia é grande aliada do texto: efeitos simples Flash, pop-ups, ou mesmo links devem funcionar SEMPRE - ou seja - 404 = 0. (404=0 é uma metáfora pois se você usa a Internet há algum tempo, você sabe que o erro 404 é o de página não encontrada). Então, se o link estiver quebrado, nota zero!

 Conclusão
O WebWriting é ainda muito obscuro e pouco preciso. Para você, que não tinha idéia do que era um bom texto para a Web, espero que tenha ajudado. O mesmo vale para você, que já fazia um WebWriting bom, mas sem conceito: espero que você saia desta leitura com a cabeça menos oca do que quando entrou ;) ...



Autor original:  Rafael Almeida
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