quarta-feira, maio 04, 2011

novas formas de captação 1


Finanças

Mercado enfim descobre o cinema nacional

Maria Luíza Filgueiras
25/03/11 13:55

Títulos relacionados a produções e salas têm recorde de oferta
 no primeiro trimestre e começam a ir além do benefício fiscal

Finanças
Mercado enfim descobre o cinema nacional  Maria Luíza Filgueiras 25/03/11 
Títulos relacionados a produções e salas têm recorde de oferta
 no primeiro trimestre e começam a ir além do benefício fiscal


cinema brasileiro nunca teve um primeiro trimestre tão positivo quanto este,  em termos de captações, no mercado financeiro. Entre certificados audiovisuais  registrados e em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e cotas  de Fundo de Financiamento da IndústriaCinematográfica (Funcine), são  R$ 316,4 milhões  ofertados, ante R$ 10,69 milhões no mesmo período de 2010.  Comparado a nos inteiros, esse desempenho também se destaca.

O que puxou o volume no ano foi a estruturação de um Funcine pelo Bradesco, que pode chegar ao montante de R$ 300 milhões, mas os certificados audiovisuais também aumentaram de volume e tiveramo maiormontante em quatro anos para um início de exercício. Não há uma explicação única para isso, mas um conjunto de possibilidades apontadas por especialistas para darmaior ritmo ao mercado.

O primeiro é que, no caso dos certificados audiovisuais, a previsão inicial era de que o prazo para manter o benefício fiscal neste título expirasse no fim do ano passado. Foi prorrogado e produtores e empresas aproveitaram para desengavetar mais projetos por meio desse instrumento. Com a indústria de cinema mais ativa, são mais projetos para virem à público em busca de financiamento.

Para os fundos, o entendimento gradual do produto e adaptação para torná-lo vendável, com estrutura mais flexível que os certificados, começou a atrair administradores de maior peso, o que pode ajudar a impulsionar a distribuição de cotas. “O investidor trabalha com instrumentos que já conhece e que tenham lastro. Quando se cria uma estrutura nova, com nova filosofia, o mercado tateia, os pequenos administradores,mais ousados, lançam os primeiros produtos, e a tendência é que grandes operadores comecem a fazer experiências também”, define Fábio Cesnik, sócio do Cenisk, Quintino e Salinas Advogados. No caso do Funcine, os primeiros administradores foram Rio Bravo e BNY Mellon, e começaram a ingressar no ano passado instituições que têm rede física de distribuição, como o brasiliense BRB e o Bradesco.

Como ambos instrumentos atuam com o apelo do benefício fiscal—empresas e pessoas físicas utilizam parte do Imposto de Renda devido para fazer aplicações em projetos culturais —, esses produtos nunca tiveram grande atrativo em termos de rentabilidade e é isso que pode começar a mudar. Ou deveriam, já que o prazo para o benefício fiscal dos dois instrumentos agora é 2016, justamente com a ideia de que fiquem atrativos o suficiente para o investidor sem precisar do abatimento tributário. “Esses mecanismos sempre foram vistos como patrocínio e não como investimento, devido ao benefício fiscal, o que levava os próprios produtores a estabelecerem remunerações baixas”, destaca Cesnik. “A ideia do Funcine, que inclui mais projetos e aportes em salas de cinema, é justamente viabilizar que o retorno possa ser maior.”

O fundo do Bradesco, por exemplo, não prevê aporte em produções, mas apenas em salas de exibição e participação em empresas de serviço de infraestrutura do setor. “A grande dificuldade para esse mercado é que as pessoas desconhecem o produto e muitas vezes desconfiam do fato de que vão usar dinheiro de imposto e ainda podem ter rendimento com isso”, aponta Pedro de Moraes, diretor da BRB DTVM. Para Jorge Lipiani, diretor executivo do Bonsucesso, os aportes ainda são feitos como forma de marketing pelas empresas e não pela rentabilidade. “Mas ainda há grande desinformação sobre os produtos”, diz.



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