sexta-feira, maio 06, 2011

novas formas de captação 2


Desafio é atrair pequeno investidor 

Pessoas físicas podem destinar 6% do imposto de renda devido para aplicações incentivadas

A atração de empresas para o mercado cinematográfico é simples de compreender pelo fato do benefício fiscal e da divulgação de imagem que esse suporte financeiro promove. Mas tornar o público do cinema, que são as pessoas físicas, investidores, ainda é uma tarefa desafiadora. “E é justamente na pessoa física que a aplicação em filmes é disputada por destinação do imposto a eventos esportivos ou apoio a fundos de apoio a criança e adolescente”, destaca Tony Borges, da Sagres DTVM, uma das principais intermediadoras entre produtores e financiadores. “Perto de Copa e Olimpíada, isso tende a pesar.”

Pessoas físicas podem destinar 6%do imposto de renda devido para aplicações incentivadas, que se enquadrem na Lei do Audiovisual (certificados), Lei Rouanet (Funcine) e demais setores. Já pessoas jurídicas têmos mesmos 6% mas com divisões setoriais — 4% para cultura, 1% esporte e 1% para outros tipos de patrocínios e marketing, como fundo da criança ou idoso.

“O título para pessoa física não engrena porque o tíquete de entrada é maior e, além disso, o investidor tem de dar o cheque para esperar o reembolso no IR no ano seguinte”, aponta Jorge Lipiani, diretor do Bonsucesso, forte distribuidores de certificados. Ou seja, se a compra do papel, seja cota ou certificado, é feita em junho, por exemplo, o reembolso do Leão virá emabril oumaio do ano seguinte.

Ainda assim, o BRB resolveu apostar na distribuição de Funcine para pessoas físicas.O fundo, ainda aberto, foi estruturado para receber até R$ 100 milhões, mas a expectativa atual é que ronde os R$ 15 milhões. O patrimônio líquido atual (conforme CVM) é de R$ 1,5 milhão.

“Optamos por um produto que também possa ser distribuído na rede de agências para a pessoa física que faz declaração completa de IR poder aderir. A questão é que elas conhecem menos esse produto e não dão tanto volume financeiro quanto empresas”, diz Pedro de Moraes, diretor da BRB DTVM.

No caso dos fundos, empresas podem abater até 3% dos 4% destinados a cultura. Nos certificados também, mas eles têm vantagem adicional para empresas que é o abatimento no IR de 100% do montante aplicado mais o lançamento da aplicação como despesa operacional, recuperando mais 25% do montante e elevando o desconto a 125% do total aplicado. ■ M.L.F.

Com ciclos longos de investimento, fundos ainda têm retorno negativo 
Incluir investimento em salas de exibição e um número maior de projetos cinematográficos é a forma encontrada para tornar os Funcines rentáveis, além do benefícios fiscais, e mais competitivos que os Certificados Audiovisuais. Entretanto, consolidar essa missão ainda é tarefa árdua. Dos seis fundos da categoria em operação, apenas um registra desempenho positivo no semestre — e é justamente o que está desenquadrado da proposta inicial. Segundo a CVM, o Fator Funcine teve retorno positivo de 2,2% de janeiro a junho de 2010 (último dado), mas tem 62% da carteira em títulos públicos, quando o limite previsto é de 10%. O Funcine da Rio Bravo teve os últimos três semestres reportados com rentabilidade negativa, o Funcine Lacan registrou desempenho semelhante. Além disso, as taxas de administração são mais altas que outras categorias de fundos, como DI. No Funcine do BRB, a taxa de administração é de 3% e a taxa de performance de 20% sobre o que exceder IPCA mais 4%. O Funcine Bradesco Culturinvest tem taxa de administração de 5% ao ano. “Não são fundos com propostas tão rentáveis como outras categorias, como DI ou multimercado, mas não são fundos para dinheiro que não é incentivado. O que é aplicado no Funcine é um recurso que não teria qualquer rendimento porque seria pago como imposto”, ressalta Pedro de Moraes, diretor da BRB DTVM. Ele destaca ainda que, pela característica do negócio, é difícil fazer marcação a mercado de uma cota de Funcine, o prazo para retorno tem ciclo mais longo e a taxa de administração mais alta se explica no trabalho de seleção de projetos para investimento. “A dificuldade de gestão é que, com pouco dinheiro, se faz muito pouco, mas a dinâmica do produto é boa”, considera Jorge Lipiani, diretor do banco Bonsucesso, que também é cotista em um Fundo de Investimento em Participações (FIP) que compra salas de cinema. Para Fábio Cesnik, advogado especializado em consultoria a negócios de entretenimento, o risco nesses investimento é o governo. “Como a Ancine tem de aprovar os projetos que fundos investirão, acaba sendo uma forma de travar a inventividade de investidores para atingir retornos melhores”, pondera o advogado. M.L.F.

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