sábado, outubro 31, 2015

Microsoft, quem diria, está planejando bem o futuro com o HoloLens

Aparelho deve chegar às lojas neste ano, perto do Windows 10


HOLOLENS-G

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Redmond, EUA. Em junho do ano passado, no porão do centro de visitantes da Microsoft em Redmond, Todd Holmdahl, um dos gurus de hardware da empresa, e outros funcionários demonstravam nervosamente ao novo executivo-chefe da empresa, Satya Nadella, 47, os detalhes de um projeto secreto. Mais de cem pessoas trabalharam por muitos anos nessa iniciativa ambiciosa, conhecida como HoloLens. Na época, os óculos HoloLens eram um punhado desajeitado de correias, fios e componentes eletrônicos. Mas já eram capazes de projetar imagens nas lentes em frente aos olhos do usuário, mesclando paisagens e objetos virtuais com o mundo real.

Os líderes da equipe acreditavam que esse produto de realidade aumentada tinha o potencial de se tornar a grande tecnologia do futuro para o consumidor, tão revolucionária quanto o PC e o smartphone. Mas não podemos nos esquecer de que se tratava da Microsoft, a empresa que conseguiu ano após anos criar novos produtos e levá-los sem sucesso para as prateleiras das lojas. A Microsoft já tinha softwares para smartphones anos antes de a Apple lançar o iPhone. Ninguém ligou. Uma década antes do Apple Watch, a Microsoft já havia apresentado seu computador de pulso. Mas a moda não pegou.

Os integrantes da equipe do HoloLens temiam que Nadella, funcionário da Microsoft há duas décadas e que buscava medidas de cortes de custo, achasse o projeto arriscado ou estranho demais. Nadella nem piscou. “Ele disse na mesma hora que iríamos tocar o projeto”, contou Holmdahl.

A resposta diz muito a respeito da nova Microsoft imaginada por Nadella – sem tantos caciques e mais aberta a apostar em novas tecnologias, em vez de proteger os mesmos produtos de sempre. Em uma entrevista recente, Nadella afirmou que ele e a empresa haviam aprendido com seus erros. “Uma das lições que aprendemos é que o conjunto precisa ser finalizado com excelência. Não podemos parar no meio. Precisamos terminar as coisas, e eu acho que a Apple nos ensinou o significado de excelência de experiência na criação de novas categorias de produtos”, disse Nadella.

Para converter as inovações da Microsoft em produtos que as pessoas queiram comprar, ele coordenou o grupo de pesquisa da empresa, o maior de toda a indústria da tecnologia, para que eles trabalhem mais de perto com os engenheiros de produtos. Durante uma reunião sobre o HoloLens, Nadella disse que ele não deveria ser organizado como o Xbox, desenvolvido como uma espécie de república semiautônoma. Ele queria que esse grupo se integrasse plenamente com a Microsoft. Isso significa colaborar com as pessoas que desenvolvem o Skype, com as equipes do Windows e de videogames.

A Microsoft afirma que o HoloLens estará à venda nas lojas “na mesma época” em que o Windows 10, seu novo sistema operacional, for lançado neste ano. Em outras palavras, o HoloLens é mais uma das partes da nova Microsoft sem fronteiras que Nadella deseja criar. Tranquilo.

O que ele poderá fazer
Aplicativos:
 o usuário poderá fazer algumas das atividades para celulares na forma de hologramas. Entre as possibilidades pode estar, por exemplo, visualizar fotos no Instagram e usar aplicativos de banco

Jogos: a Microsoft já apresentou um conceito de Minecraft interativo durante os vídeos de apresentação dos óculos inteligentes, mas fala-se numa possível integração com o Xbox One

Filmes e TV: o usuário pode redimensionar a janela de aplicativos de vídeo ou até pedir para que o dispositivo o siga pela casa

Modelagem 3D: a proposta é que o usuário abandone o mouse e o teclado e possa manipular os objetos virtuais com as próprias mãos através do HoloStudio

Comunicação: o Skype estará presente nos óculos inteligentes

Análise de projetos: HoloLens pode ser utilizado para experimentar projetos antes da produção de produtos
Câmeras mapeiam o ambiente

Redmond
.O HoloLens está repleto de tecnologias que saíram da pesquisa da Microsoft, incluindo o display usado para criar as imagens virtuais nas lentes que ficam na frente dos olhos dos usuários. O produto usa câmeras desenvolvidas por pesquisadores da Microsoft e utilizadas pela primeira vez no Kinect, um acessório para Xbox que mapeia tudo o que está em volta do usuário para que os objetos virtuais fiquem nos lugares certos.

Entretanto, um bom hardware não faz tudo sozinho. Se o HoloLens quer ter qualquer chance de estourar, ele precisa de aplicativos de ponta que façam pela realidade aumentada o que serviços populares como o Instagram e o Snapchat fizeram pelos smartphones.

Em um dos exemplos de uso prático já demonstrados, uma faculdade de Medicina espera adotar o HoloLens para que os alunos aprendam anatomia. Em outro, um arquiteto permite que os clientes caminhem pelo projeto finalizado, ainda durante a construção.

Em setembro, a Microsoft pagou US$ 2,5 bilhões de dólares pelo “Minecraft”, videogame jogado por dezenas de milhões de pessoas. Em janeiro, a lógica por trás dessa compra começou a ficar mais clara, quando a empresa mostrou o jogo no HoloLens. No “Minecraft”, os jogadores podem construir e destruir estruturas, como se brincassem com um Lego virtual.

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