O serviço de leitura em streaming me parece um produto que poderia ser oferecido pelo setor de biblioteca..
fica a dica de um serviço e produto informacional. Heberle
Pesquisa "Raio-X das Tiras no Brasil" mostra que as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul têm pelo menos um jornal com quadrinhos.
Semelhante ao Netflix, Cosmic Reader é pioneiro em oferecer serviço de assinatura de HQs digitais
É um clássico leitor aquele que, diante de um jornal em papel, vai direto ao caderno de cultura em busca de sua primeira leitura: as tirinhas. O jornalista Paulo Ramos, porém, recentemente levou a prática a um extremo - durante um ano, ele leu essas histórias em 94 diários brasileiros, em todas as capitais e no Estado de São Paulo.
O resultado é a pesquisa "Raio-X das Tiras no Brasil" (clique aqui para ler), em que o também professor do departamento de letras na Unifesp mapeia as tirinhas publicadas no Brasil. As conclusões foram publicadas em setembro na revista do Observatório de Histórias em Quadrinhos da USP. "Chamava a atenção o fato de as tiras terem encontrado nas mídias virtuais um novo local de circulação. Faltavam, no entanto, dados que permitissem uma leitura comparativa com os jornais."
Os jornais impressos foram, durante o século 20, o meio predileto de circulação de tirinhas. Já não são mais. Seu futuro, para o pesquisador, está na internet, enquanto diários suspendem seus espaços dedicados para os quadrinhos. O "Jornal do Brasil", por exemplo, encerrou a publicação de suas tirinhas em 2008, diz Ramos.
A adoção de um novo suporte é um curioso passo para as tirinhas, que se desenvolveram no espaço limitado da página do jornal - como as tirinhas publicadas pelo caderno "Ilustrada", do jornal "Folha de S.Paulo", em geral com apenas três quadrinhos. "Tem havido um alargamento no tamanho das tiras produzidas na internet. É como uma camisa de força que, de uma hora para outra, é aberta", afirma. "Mesmo assim, os autores têm mantido a tendência de as tiras serem construídas em narrativas curtas", diz o autor.
FOTO: FABIO MOON E GABRIEL BÁ / REPRODUÇÃO |
Tirinha de Fabio Moon e Gabriel Bá, publicada no jornal "Folha de S.Paulo" |
'Mentirinhas'
As conclusões desse estudo podem ser observadas em casos particulares, como a história de Fábio Coala, o criador do "Mentirinhas". Em 2009, Coala publicava tirinhas em um jornal local de São Vicente. "Poucos jornais tinham espaço para tiras e eu sabia que seria muito difícil viver disso", diz à reportagem. Em 2010, esse artista passou a publicar seu trabalho em seu próprio site.
O site das tiras de "Mentirinhas" chegam a ter 20 mil acessos ao dia. Coala divulga o seu trabalho também por meio das mídias sociais. A maior diferença de publicar seu trabalho on-line, afirma Coala, é a liberdade criativa. "Você pode experimentar mais e ter uma resposta imediata dos leitores."
Mas há ainda diversos exemplos da convivência entre o digital e o impresso, no universo dos quadrinhos. Veteranos do papel - como Laerte e Adão - também exploram sites, contas no Twitter e páginas no Facebook. André Dahmer, que publica as tirinhas "Malvados" na "Ilustrada", começou na internet em 2001 e só depois foi ao impresso, no "Jornal do Brasil". "Acho que é um movimento de ida e volta", ele afirma à reportagem. Seu perfil no Facebook tem quase 200 mil seguidores. "É um espaço para propagar meu trabalho", diz.
Netflix dos quadrinhos
Não só as tirinhas, mas os quadrinhos em geral têm desenvolvido estratégias para sobreviver entre o papel e a internet. Um exemplo recente é o projeto Cosmic, criado pelos cearenses Ramon Cavalcante e George Pedrosa. O Cosmic funciona como um tipo de Netflix das HQs, permitindo a leitura de gibis em "streaming" por uma mensalidade de R$ 15,90. Eles também produziram um suporte gratuito para a leitura de quadrinhos em tablets, celulares e computadores.
"Trabalho com HQs há 12 anos e, nesse percurso, vim e voltei para tentativas no digital", diz Cavalcante. "Em cada projeto nos deparamos com problemas tanto no impresso quanto no digital. Custo de impressão, de distribuição, postos de venda..."
Parte da motivação da dupla vem do cálculo do "custo-benefício" da leitura de gibis. O preço é alto, e a leitura dura pouco, afirmam, em busca de novos modelos de mercado. Mas os criadores do Cosmic também querem transformar a própria experiência de consumir uma HQ. O serviço de leitura em "streaming" vai começar com 50 autores. Numa etapa posterior, os criadores estimam lançar cinco ou seis novos títulos a cada semana.
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