No setor da música ouve uma da mais brutais mudanças na forma de distribuição e compartilhamento, hoje com o desaparecimento de gravadoras e com o portais de distribuição e a a consolidação do P to P pirataria o setor tem de se reinventar, isso foi muito bom e nos mostra como mudança podem transformar nosso modo de ser e viver.
Um exemplo de como é possível se reinventar dentro desse ambiente.
Héberle
Um exemplo de como é possível se reinventar dentro desse ambiente.
Héberle
“Diria que sou web producer”
Enquanto produtores musicais reinventam seu significado na indústria em busca de novas experimentações, dialogando com o mainstream e o underground de forma cada vez mais equivalente, há quem tenha encontrado na união desses universos um nicho frutífero para produzir com o aporte de uma gravadora, mas sem interferência artística.
FOTO: DECK DISC/DIVULGAÇÃO |
Conceito. Péricles produz com instrumentos orgânicos e beats eletrônicos |
É o caso do curitibano Péricles Martins, mais conhecido pela alcunha artística Boss In Drama, que começou a chamar a atenção pelas parcerias de fôlego com Karol Conka, a exemplo dos hits “Toda Doida” e “Lista VIP”, e Mr. Catra, com o sucesso “Tropa de Elite”. A diferença do produtor é que ele também é músico autodidata e, ao invés de trabalhar só com sintetizadores, ele mistura o eletrônico com instrumentos orgânicos.
“Eu sou dessa geração que consegue fazer na raça. Entra na internet, baixa os programas e aprende. Mas não adianta só isso. Tem que ter teoria musical ou o som vai ficar aquele mais do mesmo. O meu som eu sempre gravei com instrumentos orgânicos, pelo menos uma guitarra eu tocava, um piano, um saxofone”, diz.
O jovem produtor de 28 anos pode parecer um DJ, mas por trás das mesas de som e pickups que ele está acostumado a pilotar existe um trabalho detalhista de produção e curadoria musical, que chegou a arrancar elogios de Justin Timberlake. Não à toa, ele chamou a atenção da gravadora Deck Disc para lançar seu primeiro álbum, “Pure Gold” (2011), que mescla referências de R&B, música clássica, french house e até MPB. “Não tive sugestões deles para vender mais. Me deixaram livre. O lado bom é que a gravadora te oferece uma profissionalização, um lançamento de disco mais robusto. E eu me preocupo só com a parte musical e artística, que não tem um dedo sequer de alguém da gravadora”, enfatiza o produtor.
O curioso é que a história de Péricles não é tão distante dos milhares de adolescentes que começaram a produzir em casa. No seu próprio quarto, ele gravou suas primeiras mixagens e bases usando um microfone de webcam. Depois, começou a tocar em festas e, a partir de músicas lançadas na internet, estourou.
“Minhas primeiras músicas, de 2007, foram gravadas com microfones de webcam que custaram R$ 10. Equalizei, comprimi, mexi nos timbres. Tudo fuçando softwares de internet. Depois, fui tocando em festas, juntando dinheiro, montei meu estúdio. Mas até hoje eu diria que sou web producer, que trabalha com um notebook, sem precisar de grandes recursos para criar novas sonoridades. E meu sonho ainda é produzir uma música para a Gal Costa”
“Eu sou dessa geração que consegue fazer na raça. Entra na internet, baixa os programas e aprende. Mas não adianta só isso. Tem que ter teoria musical ou o som vai ficar aquele mais do mesmo. O meu som eu sempre gravei com instrumentos orgânicos, pelo menos uma guitarra eu tocava, um piano, um saxofone”, diz.
O jovem produtor de 28 anos pode parecer um DJ, mas por trás das mesas de som e pickups que ele está acostumado a pilotar existe um trabalho detalhista de produção e curadoria musical, que chegou a arrancar elogios de Justin Timberlake. Não à toa, ele chamou a atenção da gravadora Deck Disc para lançar seu primeiro álbum, “Pure Gold” (2011), que mescla referências de R&B, música clássica, french house e até MPB. “Não tive sugestões deles para vender mais. Me deixaram livre. O lado bom é que a gravadora te oferece uma profissionalização, um lançamento de disco mais robusto. E eu me preocupo só com a parte musical e artística, que não tem um dedo sequer de alguém da gravadora”, enfatiza o produtor.
O curioso é que a história de Péricles não é tão distante dos milhares de adolescentes que começaram a produzir em casa. No seu próprio quarto, ele gravou suas primeiras mixagens e bases usando um microfone de webcam. Depois, começou a tocar em festas e, a partir de músicas lançadas na internet, estourou.
“Minhas primeiras músicas, de 2007, foram gravadas com microfones de webcam que custaram R$ 10. Equalizei, comprimi, mexi nos timbres. Tudo fuçando softwares de internet. Depois, fui tocando em festas, juntando dinheiro, montei meu estúdio. Mas até hoje eu diria que sou web producer, que trabalha com um notebook, sem precisar de grandes recursos para criar novas sonoridades. E meu sonho ainda é produzir uma música para a Gal Costa”
“Arte versus o show business”
Apesar da perda de protagonismo das gravadoras e da maior liberdade para bandas produzirem o próprio trabalho, o produtor mineiro Chico Neves, que trouxe o badalado Estúdio 304 do Rio de Janeiro para Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, observa que muitos produtores simplesmente perderam trabalho por não se adaptarem ao mercado sem grandes gravadoras.
“Hoje, ou o artista se produz em casa, sozinho, ou procura alguém que confie e que possa pagar. Gravadora nenhuma tem esse status e poder mais. Elas funcionam muito mais como pontos de distribuição e marketing do que como produção artística justamente por não terem um monte de produtores contratados. Mas, infelizmente, para muita gente, era a gravadora que fazia a ponte para chegar ao artista”, atesta.
“Hoje, ou o artista se produz em casa, sozinho, ou procura alguém que confie e que possa pagar. Gravadora nenhuma tem esse status e poder mais. Elas funcionam muito mais como pontos de distribuição e marketing do que como produção artística justamente por não terem um monte de produtores contratados. Mas, infelizmente, para muita gente, era a gravadora que fazia a ponte para chegar ao artista”, atesta.
FOTO: CESAR OVALLE/DIVULGAÇÃO |
Mercado. Bonadio une o marketing à produção artística |
Antes dessa situação, porém, Chico Neves decidiu investir em artistas que acreditava. Desde 1986, após passagens pela Odeon e Warner, ele enveredou pela carreira autônoma, e produziu por conta própria obras como “Maquinarama”, do Skank, “Um Som” e “Saiba”, de Arnaldo Antunes, e o conturbado “Bloco do Eu Sozinho” (2001), do Los Hermanos.
Foi no álbum dos barbudos cariocas que ele teve que bater de frente com o diretor da Abril Music, João Augusto. “Ele queria um disco só de ‘Anna Julia’, mas batemos de frente para fazer o que a banda queria. Hoje, o disco é um marco na carreira deles, é o que fez o Los Hermanos encontrar sua essência, seguida nos próximos discos. Ou seja, meu papel de produtor foi simplesmente dar liberdade a eles. Eu vejo isso como a arte versus o show business”, diz Chico.
Do outro lado da moeda, Rick Bonadio se assume como um cavaleiro solitário do show business – talvez realmente o único. Para ele, a produção musical está atrelada diretamente a questões como marketing, publicidade e composição estética do artista. Por isso, o produtor também se tornou empresário, dono da empresa de show Arsenal Eventos e do selo Midas Music, distribuído pela Universal Music. Responsável pela criação de fenômenos passageiros como Rouge e Broz, entre 2002 e 2003, o produtor também teve participação em trabalhos de CPM 22, NX Zero, Luiza Possi e Titãs. Mesmo com novos sistemas de produção musical pipocando pelo país, ele não se rende.
“O Charlie Brown não era aquilo que as pessoas viram antes de eu tratar os caras. Se o produtor ficar só no lado artístico, não trabalha. A tecnologia dá a falsa impressão de que o artista consegue tudo. São exceções que estouram sem a mão de um produtor que entende de mercado”, diz Rick.
Foi no álbum dos barbudos cariocas que ele teve que bater de frente com o diretor da Abril Music, João Augusto. “Ele queria um disco só de ‘Anna Julia’, mas batemos de frente para fazer o que a banda queria. Hoje, o disco é um marco na carreira deles, é o que fez o Los Hermanos encontrar sua essência, seguida nos próximos discos. Ou seja, meu papel de produtor foi simplesmente dar liberdade a eles. Eu vejo isso como a arte versus o show business”, diz Chico.
Do outro lado da moeda, Rick Bonadio se assume como um cavaleiro solitário do show business – talvez realmente o único. Para ele, a produção musical está atrelada diretamente a questões como marketing, publicidade e composição estética do artista. Por isso, o produtor também se tornou empresário, dono da empresa de show Arsenal Eventos e do selo Midas Music, distribuído pela Universal Music. Responsável pela criação de fenômenos passageiros como Rouge e Broz, entre 2002 e 2003, o produtor também teve participação em trabalhos de CPM 22, NX Zero, Luiza Possi e Titãs. Mesmo com novos sistemas de produção musical pipocando pelo país, ele não se rende.
“O Charlie Brown não era aquilo que as pessoas viram antes de eu tratar os caras. Se o produtor ficar só no lado artístico, não trabalha. A tecnologia dá a falsa impressão de que o artista consegue tudo. São exceções que estouram sem a mão de um produtor que entende de mercado”, diz Rick.
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